Local onde ocorreu o ataque a faca em Mannheim, na Alemanha, nesta sexta-feira (31)Uwe Anspach / dpa / AFP

O principal suspeito do ataque a faca ocorrido durante um festival municipal em Solingen, oeste da Alemanha, foi preso neste sábado, anunciou o ministro regional do Interior, Herbert Reul.

"O homem que procuramos durante todo o dia foi preso recentemente em nossas instalações", informou Reul ao canal de TV público ARD. Os investigadores dispõem de "elementos de prova", acrescentou, sem dar detalhes.

O grupo Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelo atentado. “O autor do ataque contra uma reunião de cristãos na cidade de Solingen é um soldado do EI”, diz um comunicado divulgado pelo órgão de propaganda da organização, Amaq, acrescentando que o homem agiu "para vingar os muçulmanos da Palestina e de todas as partes".

Um centro de alojamento para solicitantes de asilo em Solingen foi alvo de uma operação das forças especiais que resultou na prisão de um homem. A polícia não revelou sua identidade, nem deu detalhes sobre seu possível envolvimento nos fatos. O local fica no centro de Solingen, perto da praça onde ocorreu o ataque.

Mais cedo, investigadores prenderam um adolescente de 15 anos suspeito de não ter denunciado o ato criminoso. Testemunhas disseram que o viram, pouco antes dos fatos, discutindo o ataque com um homem, que poderia ser o assassino, informou o procurador-geral de Düsseldorf, Markus Caspers.

A ação deixou três mortos durante o festival: dois homens, de 56 e 67 anos, e uma mulher, de 56. Oito pessoas ficaram feridas.

“Foram ataques que tinham como alvo o pescoço” das vítimas, concluiu o chefe de polícia local, Thorsten Fleiss, após analisar as primeiras imagens. Os investigadores informaram que tinham um vídeo da sequência.

Comoção 
"O ataque brutal durante o festival municipal de Solingen nos comoveu profundamente", disse a ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, que visitou hoje a cidade e pediu que os alemães permaneçam unidos. Ela denunciou "aqueles que querem semear o ódio".

O partido de extrema direita AfD atribuiu o ataque a supostas deficiências na política de segurança regional e federal.

A coalizão do chefe de governo social-democrata, Olaf Scholz, enfrentará daqui a uma semana eleições regionais-chave no leste do pais, onde o AfD lidera com folga as pesquisas, frente aos partidos governistas. “O culpado deve ser preso rapidamente e punido com todo o rigor da lei", publicou Scholz na rede social X.

O ataque ocorreu por volta das 21h40 locais, quando milhares de pessoas se reuniam em frente a um palco no centro da cidade, para o início das festividades do aniversário de Solingen.

"Um homem armado com uma faca atacou pessoas aleatórias do nada e as matou", descreveu o ministro regional do Interior, Herbert Reul, durante visita ao local."Ninguém sabe o porquê. Não podemos dizer nada neste momento sobre o motivo ou a pessoa", acrescentou.

A festa foi parte de uma série de eventos para comemorar o 650º aniversário de Solingen.Com cerca de 150.000 habitantes, a pequena cidade fica na região mineira do Ruhr, entre Dusseldorf e Colônia.

Coração partido
Na rede social X, os investigadores pediram qualquer informação, incluindo fotos e vídeos, que pudesse ajudar a encontrar o agressor.

O prefeito de Solingen, Tim-Oliver Kurzbach, disse que a cidade está "chocada, horrorizada e com muita dor"."Todos queríamos celebrar juntos o aniversário da nossa cidade, e agora sofremos pelos mortos e feridos", acrescentou.

"Parte o coração saber que houve um ataque em nossa cidade. Tenho lágrimas nos olhos quando penso naqueles que perdemos. Rezo por aqueles que ainda lutam por suas vidas", disse Kurzbach.

As autoridades municipais esperavam receber até 75 mil visitantes nos três dias de atividades, com música ao vivo, teatro de rua e espetáculos de variedades e comédia.

Vários ataques a faca foram registrados no último ano na Alemanha, o que levou a ministra do Interior, Nancy Faeser, a prometer acabar com esse tipo de crime.

O país enfrenta uma dupla ameaça à sua segurança: os atentados jihadistas e as ações de grupos de extrema direita.