Beatrice Zavarro é advogada do marido da vítimaChristophe Simon/AFP
A vítima Gisèle P., de 72 anos, chegou ao tribunal com seus advogados e os três filhos para o julgamento que seguirá até 20 de dezembro.
Do outro lado, estão 51 homens, com idades entre 26 e 74 anos, incluindo seu ex-marido Dominique P., que pode pegar até 20 anos de prisão. Dezoito deles estão em prisão preventiva.
Os acusados têm perfis diversos: bombeiro, artesão, enfermeiro, agente penitenciário, jornalista, eletricista...; solteiros, casados, divorciados.
"Não existe um perfil típico de um estuprador. O estuprador é um tipo qualquer", disse à AFP Véronique Le Goaziou, pesquisadora do Laboratoire Méditerranéen de Sociologie, especializada em violência sexual. A maioria esteve apenas uma vez na casa do réu principal na cidade de Mazan, no sul da França.
Dez deles estiveram até seis vezes no local. O marido da vítima não pedia dinheiro em troca. Os acusados não sofrem patologias psicológicas significativas, embora tenham um sentimento de "onipotência" sobre o corpo feminino, segundo especialistas.
Muitos afirmam que acreditavam estar participando das fantasias do casal. Segundo o marido, "todos sabiam" que sua esposa estava drogada sem o seu consentimento.
Segundo a investigação, "cada um dispunha de seu livre arbítrio" e poderia ter "partido" ao perceber a situação.
Os investigadores identificaram 92 estupros desde 2011, quando o casal vivia na região de Paris, mas principalmente a partir de 2013, ao se mudarem para Mazan, até 2020.
O ex-funcionário da empresa de energia elétrica EDF administrava um ansiolítico forte à esposa e determinava que os homens, contatados no site de encontros coco.fr - já desativado - não a acordassem.
Também os orientava a não usar perfume ou tabaco, aquecer as mãos com água quente e tirar a roupa na cozinha, para evitar que fossem esquecidas no quarto.
'Nenhuma lembrança'
Os investigadores encontraram em seu computador muitas fotos e vídeos da vítima, visivelmente inconsciente, enquanto dezenas de estranhos a estupravam.
Para a mulher, o processo é "terrível", afirma Antoine Camus, um dos seus advogados, que também defende seus três filhos e cinco netos.
Ela "vivenciará pela primeira vez, de forma diferida, os estupros que sofreu durante dez anos, já que não tem nenhuma lembrança", disse Camus à AFP, antes do julgamento.
A vítima prestará depoimento na quinta-feira, já o marido, que se diz pronto "para enfrentar a mulher e a família", segundo sua advogada Béatrice Zavarro, será interrogado em 10 de setembro.
Após sua prisão, a unidade de casos arquivados o identificou em outros dois processos, um homicídio com estupro em Paris em 1991, que ele nega, e uma tentativa de estupro em 1999, que admitiu após a identificação de seu DNA.
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