Ex-presidente uruguaio José "Pepe" MujicaAFP

O ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica apresentou melhora e recebeu alta do hospital nesta sexta-feira (13), seis dias após ter sido submetido a uma cirurgia para tratar problemas digestivos decorrentes de seu tratamento contra o câncer, informou sua médica.
A doutora Raquel Pannone disse em uma coletiva de imprensa que o ex-presidente de 89 anos foi transferido na tarde desta sexta-feira para sua fazenda nos arredores de Montevidéu, onde reside, para continuar a recuperação.
"Pepe está melhor. O procedimento realizado no sábado [7 de setembro], uma gastrostomia para garantir uma boa via de alimentação e hidratação, foi eficaz", afirmou.
"Por esse caminho, pode-se administrar uma fórmula especialmente feita para atender às suas necessidades nutricionais. E isso que ele tolerou muito bem permitiu uma melhora em seu estado geral. Tanto é que ele acabou de receber alta", indicou Pannone.
O ex-presidente (2010-2015), diagnosticado com câncer de esôfago no início de maio, foi levado ao sanatório CASMU da capital uruguaia no dia 5 de setembro pela quarta vez em menos de duas semanas devido a dificuldades para engolir, causadas por uma fibrose resultante da radioterapia recebida até meados de junho.
Pannone explicou que, quando Mujica foi internado há oito dias, a situação era "complicada", mas o quadro melhorou com a gastrostomia. Ele permanecerá com essa cânula de acesso direto ao estômago "pelo tempo que for necessário" até que a lesão esofágica regresse, acrescentou a doutora.
"Ele continuará se recuperando em sua casa e, lentamente, esperamos que possa retomar mais mobilidade e atividades de forma progressiva", precisou.
Pannone reiterou que o câncer "estaria em remissão", algo que deve ser confirmado com uma biópsia, já programada para "mais adiante".
Sobre a insuficiência renal que o ex-mandatário também enfrenta, destacou que "continua melhorando", com valores próximos aos que apresentava em exames no final do ano passado.
Mujica, que nos anos 1960 e 1970 pegou em armas contra governos democráticos e depois passou 13 anos preso, a maior parte durante a última ditadura cívico-militar (1973-1985), é uma das figuras políticas mais populares do Uruguai.
Apesar de sua frágil saúde, há pouco mais de duas semanas ele compareceu a um ato político em cadeira de rodas, poucas horas após sair do hospital.
Durante a campanha para as eleições nacionais de 27 de outubro, Pannone não descartou que Mujica volte a participar de comícios se sua evolução for "muito boa" e ele "se sentir bem". No entanto, ele deverá respeitar certos cuidados, como evitar o contato direto com as pessoas para não se expor a infecções, acrescentou.