Vários imigrantes estão em situação legal ou se beneficiam de um status de proteçãoROBERTO SCHMIDT/ AFP
"Comem cachorros", afirmou o ex-presidente durante o debate com sua adversária democrata Kamala Harris na terça-feira (10).
Tanto a polícia local quanto veículos de mídia de verificação de fatos, incluindo a AFP, desmentiram essas alegações.
"É uma realidade triste, que provoca pânico", disse à AFP o diretor de um abrigo para haitianos, Viles Dorsainvil, que na noite de quinta-feira recebeu ameaças que estão sendo investigadas pela Polícia Federal.
Dorsainvil denuncia ter sido alvo de ofensas e de incitações para que "vá embora" da cidade, as quais, segundo ele, têm origem em uma "agenda política" destinada a agitar o fantasma da imigração ilegal.
Como outras cidades do norte pós-industrial dos Estados Unidos, Springfield estava em pleno declínio demográfico quando suas autoridades elaboraram um plano para atrair novas empresas.
A oferta de trabalho levou ao desembarque de entre 10 e 15 mil haitianos em Springfield. A criação de empregos, porém, não foi acompanhada de políticas para abordar os problemas sistêmicos que a cidade enfrenta, em particular a pobreza.
As tensões preexistentes no mercado imobiliário, bem como na infraestrutura médica e educacional, se agravaram, observou Wes Babian, ex-pastor de uma igreja batista local. E as queixas dos moradores começaram a ter “um racismo crescente", atingindo níveis "quase perigosos" durante o ano passado, acrescentou.
Vários membros da comunidade haitiana estão em situação legal ou se beneficiam de um status de proteção. Alguns vivem nos Estados Unidos há muito tempo. Os migrantes, entretanto, são acusados de terem chegado a Springfield em ônibus fretados pelo governo federal e de viver da assistência pública, ao contrário da população local.
Outros, como Fritz, sua esposa grávida e seu filho de dois anos, lutam para chegar ao final do mês. Estão nos Estados Unidos desde que, há cinco meses, conseguiram cruzar a fronteira com o México e solicitar asilo.
Fritz encontrou um trabalho noturno como técnico de limpeza na indústria alimentícia, mas ainda não recebeu salário, disse à AFP enquanto, da rua, pessoas em um carro o xingavam.
Desde as declarações de Trump na terça-feira, Daniel só saiu de casa para o essencial. Ele é um dos beneficiários do status migratório temporário específico concedido aos haitianos devido à situação política e de segurança no país caribenho.
"A ameaça é real", mas provém de uma "minoria" que ecoa essa "retórica do ódio", afirma.
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