Cerca de 10.000 hectares foram destruídos pelos incêndios no paísPatricia de Melo/AFP
Portugal mobilizou mais de 3.700 bombeiros nesta terça-feira (17), depois de pedir a outros países europeus na segunda-feira para controlar os incêndios que destruíram em três dias mais superfície que todos os incidentes registrados durante o verão (norte), segundo um balanço da proteção civil.
O comandante nacional de proteção civil, André Fernandes, atualizou nesta terça para sete o balanço de mortos. "Lamentamos a morte de três bombeiros", duas mulheres e um homem, presos nas chamas enquanto lutavam contra um incêndio perto de Nelas, na região de Viseu, no norte.
Um brasileiro de 28 anos que trabalhava para uma empresa florestal em Albergaria-a-Velha morreu na segunda-feira.
Outras duas pessoas morreram após sofrer crises cardíacas e um bombeiro voluntário que lutava contra os incêndios perto de Oliveira de Azeméis morreu no domingo durante o descanso dos trabalhos para combater as chamas.
Os maiores incêndios atingiram a região de Aveiro e foram especialmente destrutivos em vilarejos próximos ao município de Albergaria-a-Velha.
"Queimaram todas as minhas terras (...) tive a sorte que minha casa não foi atingida", relatou em lágrimas Ribeiro, uma mulher de 82 anos que vive na cidade de Busturenga, ligada ao município de Albergaria-a-Velha.
"Tivemos muito medo (...) ninguém veio nos socorrer", afirmou. Em todo o país, há quase 50 focos ativos e cerca de 1.000 veículos mobilizados, além de vinte aviões e helicópteros.
Desde que as autoridades pediram ajuda aos países do entorno, os Canadair enviados pela Espanha se somaram ao dispositivo e, durante o dia, espera-se a chegada de ajuda da França, Itália e Grécia.
Maria do Carmo Carvalho, de 70 anos, esperava impaciente a chegada dos serviços de emergência. "Nunca vi nada parecido", afirmou com os olhos irritados pela fumaça, após ter tentado lutar contra as chamas na segunda-feira com a ajuda de sua família para salvar suas aves de curral.
As chamas se propagaram muito rápido estimuladas pelos fortes ventos e por temperaturas de mais de 30ºC e deixaram um rastro de árvores carbonizadas, arbustos queimados e o chão manchado de preto.
'Nunca vi nada parecido'
Os habitantes do povoado afirmam que não haviam visto um incêndio dessa magnitude em mais de 20 anos. "Me refugiei em minha casa. Nunca vi nada parecido. O fogo cercou o povoado e os aviões não conseguiam voar devido à fumaça", relatou Maria Fátima, uma mulher de 67 anos.
Os especialistas indicam que o aumento das ondas de calor, assim como sua crescente duração e intensidade, são consequências da mudança climática.
A Península Ibérica é uma das regiões mais afetadas pelo aquecimento global, e as canículas e a seca favorecem a propagação de incêndios.
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