Soldados assumiram a tarefa de dar segurança à barragem de Mazar, no sul dos AndesReprodução/Fernando Machado/AFP
Crise elétrica deixa Equador no escuro em meio à sua pior seca
O governo já anunciou novos cortes de energia que ocorrerão na próxima semana, entre segunda e quinta
O Equador ficará no escuro na noite desta quarta-feira (18), devido a um apagão programado de oito horas para manter o sistema de transmissão, em meio a uma crise elétrica decorrente da pior seca em 60 anos.
Antes dos racionamentos, que terão início na próxima segunda-feira (23) devido ao período de seca, que colocou em risco as hidrelétricas, o corte preventivo ocorrerá a partir das 22h locais (00h de quinta-feira, no horário de Brasília) em todo o país, segundo o governo.
Os hospitais e o serviço de segurança ECU911 estão excluídos do racionamento.
Durante o apagão, estará em vigor um toque de recolher em seis das 24 províncias e na cidade mineradora de Camilo Ponce Enríquez (sul), que estão em estado de emergência devido à violência das drogas.
Ao menos 46 mil policiais vão patrulhar o território nacional, onde também operam gangues dedicadas a sequestros e extorsões e às quais o Executivo declarou guerra em janeiro, deslocando militares para as ruas com o argumento de que o país enfrenta um conflito armado interno.
O general Henry Tapia, comandante da polícia de Quito, sugeriu que a população tenha apitos para alertar em casos de emergência porque os alarmes não estarão operacionais.
Na terça-feira, soldados assumiram a tarefa de dar segurança à barragem de Mazar, no sul dos Andes, que fornece água a um complexo de três centrais hidrelétricas.
Após o apagão desta quarta-feira, o Equador - com 17 milhões de habitantes - sofrerá novos cortes durante o período de segunda-feira, 23, até quinta-feira, 26, conforme já havia sido anunciado. Para poupar energia, o setor público fará teletrabalho na quinta e sexta-feira desta semana e na próxima.
O Equador registra atualmente um déficit de 1.000 megawatts, dos quais pelo menos 100 são cobertos por uma barcaça térmica que entrou em pleno funcionamento na terça-feira.
A Câmara de Comércio do porto de Guayaquil (sudoeste e polo comercial) estima que o país perca cerca de 12 milhões de dólares (66 milhões de reais) por cada hora de apagão.
Devido aos baixos níveis de água ou ao acúmulo de sedimentos nos diques por chuvas torrenciais que não foram permanentes, assim como por "erro humano", o Equador sofreu outro racionamento este ano. Em abril, houve cortes de até 13 horas diárias.