O secretário-geral do Palácio Presidencial do Eliseu, Alexis Kohler, discursa para anunciar a lista de ministros recém-nomeados em Paris Dimitar Dilkoff/ AFP
Em meio a uma crise política, Macron nomeou no começo do mês como primeiro-ministro o veterano conservador Michel Barnier, que costurou em duas semanas uma coalizão com forças de centro e direita.
Macron escolheu Barnier para formar o governo por considerar que o ex-negociador europeu do Brexit, membro do partido conservador Os Repúblicanos (LR), poderia garantir uma maioria mais estável na dividida Assembleia Nacional (câmara baixa).
A coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), no entanto, anunciou que vai apresentar uma moção de censura contra o governo Barnier, que poderá prosperar se a extrema direita votar a favor.
O novo governo conta com 39 membros, procedentes, principalmente, da aliança de centro-direita de Macron e do LR, que retorna ao poder 12 anos depois. Entre esses últimos está seu líder no Senado, Bruno Retailleau, que assumirá o Ministério do Interior, apesar do mal-estar que causa entre a esquerda e parte da aliança de Macron por sua linha dura em questões migratórias.
Macron também nomeou a polêmica senadora Laurence Garnier - que se opõe ao casamento igualitário e a blindar o aborto na Constituição - como secretária de Estado de Consumo.
Vários membros do último governo permaneceram em seus cargos - como Sébastien Lecornu (Defesa) e Rachida Dati (Cultura) -, ou mudaram de pasta, como Jean-Noël Barrot (chanceler), Catherine Vautrin (Territórios) e Agnès Pannier-Runacher (Ecologia).
O presidente francês, que compartilha o Poder Executivo com o governo, não precisa da aprovação do Parlamento para nomear o primeiro-ministro e os ministros. A única opção para se opor é aprovando uma moção de censura.
Pressão da extrema direita
A coalizão de esquerda vencedora, com 193 deputados, justifica a apresentação da moção de censura alegando que Macron se recusou a nomear como primeira-ministra a economista Lucie Castets, candidata da NFP.
"É um governo ilegítimo. Se a direita tivesse vencido, a direita teria governado", disse o líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, enquanto milhares de pessoas se manifestavam no país para denunciar o "governo Macron-Barnier".
O presidente, de centro-direita, não quis nomear Lucie por causa da “estabilidade”, mas seu novo governo tampouco conseguiu a maioria de 289 deputados, após tentar atrair parte da esquerda.
A sobrevivência do governo Barnier depende, portanto, da extrema direita. Le Pen avisou que seu eventual apoio a uma moção de censura vai depender do discurso de política geral de Barnier, previsto para 1º de outubro.
O líder do partido de extrema direita de Le Pen, Jordan Bardella, alertou hoje que o governo “não tem futuro”, uma vez que, para ele, representa o retorno "do macronismo pela porta dos fundos".
Sua primeira prova de fogo será a apresentação dos orçamentos de 2025, especialmente quando a França não cumpre os limites de déficit e dívida públicos estabelecidos pelas normas europeias.
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