Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, morto nesta sexta-feiraPatrick Baz/AFP
O Hezbollah confirmou neste sábado a morte de seu secretário-geral em um ataque israelense contra o subúrbio sul de Beirute, reduto do movimento pró-Irã.
Nasrallah, assassinado aos 64 anos, fez poucas aparições públicas desde a guerra entre seu movimento e o Exército israelense em meados de 2006. O local de sua residência sempre foi um segredo.
Apesar da clandestinidade, o líder da influente milícia xiita recebia visitantes, incluindo os líderes de grupos palestinos aliados de seu movimento, que publicaram fotos dos encontros.
Os jornalistas e personalidades que o encontraram afirmaram que foram levados pelo Hezbollah, em veículos de segurança e com medidas de segurança reforçadas, para um local difícil de identificar.
Nasrallah discursava com frequência e seus pronunciamentos, transmitidos ao vivo, eram acompanhados com atenção no Líbano, pois era considerado o homem mais poderoso do país. À frente do Hezbollah, ele decidia sobre a guerra ou a paz.
Para os seguidores xiitas, ele era objeto de um grande culto de personalidade, mas sua influência afetava as esferas política e sua morte pode ter consequências para toda a região.
Uma força política
Ao mesmo tempo, desenvolveu o arsenal do movimento que, segundo ele afirmava, tem 100 mil combatentes e dispõe de armas potentes, incluindo mísseis de alta precisão.
O Hezbollah é o único grupo que manteve suas armas ao final da guerra do Líbano (1975-1990), utilizando como argumento a "resistência contra Israel", cujo Exército se retirou gradualmente do país até abandonar a região sul em maio de 2000, após 22 anos de ocupação.
Ao longo dos confrontos entre seus homens e o Exército israelense, Nasrallah estabeleceu a posição como líder e a consolidou em 1997, após a morte em combate de seu filho mais velho, Hadi.
O conflito de 2006 com Israel, que durou 33 dias, permitiu que exibisse a força do seu movimento, com os seus combatentes enfrentando o Exército israelense.
A guerra provocou a morte de 1.200 libaneses, a maioria civis, e de 160 israelenses, a maioria militares. Ao final da guerra, Nasrallah proclamou uma "vitória divina" e virou um herói no mundo árabe.
Mas no Líbano ele foi criticado por vários setores quando o movimento foi acusado de envolvimento no assassinato do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri em 2005, e depois quando homens armados do Hezbollah assumiram brevemente o controle da capital em maio de 2008.
Família modesta
Em 2013, ele anunciou que determinou uma intervenção militar na Síria para apoiar o regime de Bashar al-Assad, encurralado na guerra civil que explodiu após a repressão de uma revolta popular em 2011 que resultou em uma insurreição armada.
Por desfrutar da total confiança dos líderes iranianos, ele formou e apoiou movimentos próximos a Teerã na região.
O Hezbollah é atualmente a "joia da coroa" dos aliados do Irã na região, reunidos em um "eixo da resistência" que inclui grupos armados no Iraque, os rebeldes huthis do Iêmen e o movimento islamista palestino Hamas.
Hassan Nasrallah nasceu em 31 de agosto de 1960 em uma família modesta de nove filhos, no antigo "cinturão de miséria" que cercava Beirute. Sua família é originária da cidade de Bazouriyeh, no sul do Líbano.
Ele estudou Teologia na cidade sagrada xiita de Najaf, no Iraque, mas teve que deixar o país durante a onda de repressão aos xiitas determinada pelo então presidente iraquiano Saddam Hussein.
No retorno ao Líbano, ele se uniu ao movimento xiita Amal, mas deixou o grupo durante a invasão israelense do Líbano de 1982 para integrar o núcleo fundador do Hezbollah, criado com o incentivo da Guarda Revolucionária iraniana. Casado e pai de cinco filhos, ele falava farsi de maneira fluente.
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