Veterano Shigeru IshibaAFP
"Combinada com a situação no Oriente Médio, a comunidade internacional se torna cada vez mais dividida e conflituosa", disse Ishiba ao Parlamento, três dias depois de tomar posse.
"A Ucrânia de hoje poderá ser o Leste Asiático de amanhã. Por que a dissuasão não funcionou na Ucrânia?", enfatizou, em uma alusão velada aos temores de uma invasão chinesa de Taiwan.
A relação entre o Japão e a China deteriorou-se nos últimos anos, à medida que Pequim reforçou a sua presença militar em torno dos territórios disputados na região e Tóquio reforçou as suas relações de segurança com os Estados Unidos e os seus aliados.
Ishiba apoia a criação de uma aliança militar regional inspirada na Otan e declarou na terça-feira que a segurança do Japão "nunca esteve tão ameaçada desde o fim da Segunda Guerra Mundial”.
Salário mínimo
Seu antecessor, Fumio Kishida, despencou nas pesquisas devido a uma série de escândalos e à inflação que puniu o consumo na quarta maior economia do mundo.
"Continuaremos trabalhando com o objetivo de uma média nacional de 1.500 ienes (10,26 dólares ou 56,26 reais)" por hora até 2030, em comparação com o salário atual de 1.050 ienes, disse ele no seu discurso perante o Parlamento.
"Conseguiremos aumentos salariais superiores ao aumento dos preços, estimulando a produtividade dos indivíduos e proporcionando valor agregado", declarou.
Todas as declarações de Ishiba até agora estão "provavelmente na perspectiva das próximas eleições gerais", comentou Takahide Kiuchi, em uma nota do Instituto de Pesquisa Nomura, antes do discurso.
Antes de assumir o cargo de primeiro-ministro na terça-feira, Ishiba anunciou que planeja convocar eleições legislativas antecipadas em 27 de outubro para consolidar a legitimidade do seu novo governo.
"A primeira prioridade da administração Ishiba é vencer estas eleições e consolidar a sua base de poder", sublinhou Kiuchi.
Embora seu partido seja o grande favorito, o governo de Ishiba conta apenas com o apoio de 51% da população japonesa, segundo uma pesquisa publicada na quarta-feira pelo jornal Nikkei, bem abaixo do resultado do início do primeiro governo de Kishida no final de 2021.
O Japão, assim como muitos países industrializados, enfrenta uma crise demográfica, com uma população envelhecida e uma taxa de natalidade muito baixa.
Segundo o Banco Mundial, o país tem a população mais velha do mundo depois de Mônaco. No ano passado, a sua taxa de natalidade foi fixada em 1,2; abaixo dos 2,1 filhos necessários para manter o nível populacional.
Nesta sexta-feira, Ishiba chamou a situação de "emergência silenciosa", acrescentando que o governo promoveria medidas para apoiar as famílias, como horários de trabalho flexíveis.
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