Guarda Municipal do México faz patrulhas nas ruas do estado de Sinaloa após confrontoReprodução / Ivan Medina / AFP
Soldados matam 19 criminosos em confronto no México
Desde 2006, quando foi lançada uma ofensiva militar antidrogas, há registro de mais de 450 mil mortes violentas no país
Soldados mexicanos mataram na segunda-feira 19 supostos criminosos durante um confronto no violento estado de Sinaloa (noroeste), durante o qual os militares capturaram o líder de um grupo criminoso, anunciou na terça-feira a Secretaria de Defesa (Sedena).
"Durante o evento, foi registrado um ataque contra militares por parte de mais de 30 indivíduos (...), o que resultou em 19 agressores falecidos. Os demais conseguiram fugir", afirma um comunicado militar.
Apesar do elevado número de mortos, a Sedena afirmou que os soldados "atuaram com respeito estrito ao Estado de direito e com pleno respeito aos direitos humanos" e às leis nacionais sobre o uso da força.
Os falecidos integravam uma "célula criminosa" e de proteção de Edwin Antonio "N", conhecido como 'El Max', identificado pela Sedena como o suposto chefe do comando e "ligado à facção" de Ismael "El Mayo" Zambada, um dos os líderes do poderoso cartel de Sinaloa, capturado em julho pelas autoridades dos Estados Unidos.
Segundo a secretaria, El Max "participou ativamente na recente violência registrada no município de Culiacán".
Além de capturar El Max, os militares apreenderam armas, equipamentos táticos e sete veículos.
A espiral de crimes que abala Sinaloa começou com a detenção de Zambada, em 25 de julho no Novo México, Estados Unidos. O traficante afirma que foi sequestrado no México e levado para o país vizinho contra a sua vontade.
Zambada, 76 anos, foi detido ao lado de Joaquín Guzmán López, filho de Joaquín "El Chapo" Guzmán, que cumpre pena de prisão perpétua nos Estados Unidos. O herdeiro de El Chapo teria delatado El Mayo em busca de benefícios judiciais para ele e para um irmão preso naquele país.
O confronto em Sinaloa envolve criminosos leais a El Chapo e seus filhos contra aliados de Zambada, que se declarou inocente de uma série de acusações que enfrenta em um tribunal de Nova York.
A guerra entre as duas facções do cartel, que explodiu em 9 de setembro, provocou pelo menos 150 assassinatos até o início de outubro, segundo as autoridades estaduais.
O ex-presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, que concluiu seu mandato em 30 de setembro, responsabilizou os Estados Unidos pela disputa sangrenta, alegando que o país vizinho agiu unilateralmente para deter Zambada.
A atual presidente, Claudia Sheinbaum, declarou em 8 de outubro que "a guerra contra o narcotráfico não voltará", em referência à ofensiva militar iniciada em dezembro de 2006.
Desde então, a estratégia militarizada contra o crime provocou mais de 450 mil assassinatos e deixou dezenas de milhares de desaparecidos, segundo dados oficiais.