Ex-presidente Evo MoralesAFP
A maioria dos protestos ocorrem em Cochabamba, no centro do país, onde o ex-presidente de 64 anos tem sua base política.
Com pedras, terra e fogueiras, os agricultores bloquearam várias estradas que ligam este departamento a La Paz (oeste), Santa Cruz (leste), Sucre (sul) e Potosí (sul).
Nesta quarta-feira, os motoristas do transporte público de La Paz anunciaram que também tomarão a cidade por 24 horas devido à escassez de combustível.
A falta de diálogo entre os manifestantes e o governo, além do silêncio do Ministério Público sobre a "prisão" que anunciou contra Morales, investigado por "estupro, tráfico de pessoas e contrabando", alimentam a paralisação.
Morales acusa o presidente Luis Arce, seu ex-ministro, de tentar "vetá-lo" da corrida presidencial através da abertura de múltiplas investigações criminais.
Embora os protestos tenham começado com a intenção de evitar a possível prisão do líder aimará, agora exigem que Arce encontre uma saída para a crise derivada da falta de dólares e de combustível.
Diálogo em ponto morto
Os grupos próximos ao líder cocaleiro enviaram uma carta a Arce exigindo, além do "fim da perseguição judicial" ao líder aimará, seu reconhecimento como candidato do governo e a revogação de um pacote de normas.
"Não vamos ceder àqueles que querem incendiar o país para se proteger de acusações pessoais contra as quais devem mostrar a cara", respondeu Arce.
Os bloqueios passaram de quatro pontos para 20 desde o início dos protestos.
Até o momento, foram relatados confrontos nos pontos de Parotani, Pojo, Epizana e Caracollo, em Cochabamba. Em Puente Ichilo, em Santa Cruz, cerca de 700 policiais desbloquearam a estrada com gás lacrimogêneo, mas foram depois afastados pelos manifestantes.
"Esperava-se que este fosse um governo de reconciliação para solucionar as divisões da crise de 2019", acrescenta Valverde.
Pauta sem novidades
O ex-presidente garante que se trata de "mais uma mentira", já que o mesmo caso foi investigado e arquivado em 2020.
Seus apoiadores exigem que Arce interrompa a investigação , embora esteja nas mãos de uma instituição autônoma de justiça.
Enquanto os agricultores também protestam contra a difícil situação que o país atravessa, os bloqueios levam a crise econômica ao limite.
As perdas econômicas devido aos bloqueios, iniciados em 14 de outubro, somam pelo menos 81 milhões de dólares (461 milhões de reais na cotação atual), segundo o Ministério da Economia.
Os dois principais centros econômicos da Bolívia, La Paz e Santa Cruz, estão separados por Cochabamba, a terceira região em produção que serve como área de trânsito.
O contexto econômico não é dos mais favoráveis: o país registrou uma inflação interanual de 6,2% em setembro, a mais alta desde julho de 2014.
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