Colômbia vive um conflito armado interno de seis décadasPixabay

Mais de 350 ambientalistas foram assassinados desde 2018 na Colômbia, país anfitrião da COP16, segundo a ONG Fundação Paz e Reconciliação (Pares) em um relatório publicado nesta quarta-feira (23). A Pares contabiliza 361 assassinatos desde 2018, com o maior pico de violência em 2023, quando foram registradas 81 mortes violentas no país sul-americano, que abriga, até 1º de novembro, a cúpula das Nações Unidas para a proteção da biodiversidade.

Segundo a ONG Global Witness, a Colômbia foi o país com mais assassinatos de ambientalistas registrados no ano passado, sendo que a maioria destes homicídios (66%) ficou impune.

"A disputa entre atores armados pelo controle territorial de áreas de interesse para eles se tornou um dos principais fatores de risco para as pessoas defensoras do meio ambiente", aponta a ONG no relatório divulgado em Cali (sudoeste), sede da COP16.

Cinquenta e três por cento dos homicídios ocorreram em três departamentos: Antioquia (noroeste), Cauca e Nariño (sudoeste), estes dois últimos na fronteira com o Equador.
As principais organizações envolvidas na violência homicida contra líderes ambientais são as dissidências das Farc, que acumulam mais da metade dos casos cujo autor foi identificado.

Algumas facções dissidentes estão em novas conversas de paz com o governo do esquerdista Gustavo Petro, que conta com grande apoio de ambientalistas e defensores dos direitos humanos.

No entanto, "a baixa coordenação das instituições do Estado impediu a resposta a essa violência seletiva", aponta o relatório.

Em outros 20% dos casos houve o envolvimento do Exército de Libertação Nacional (ELN), guerrilha com a qual o governo suspendeu os diálogos de paz iniciados em 2022, após um ataque com explosivos a uma base militar em setembro que deixou três soldados mortos.

O Clã do Golfo, a principal organização do narcotráfico do país, que também dialoga com o governo, foi responsável por 16% dos homicídios.

A Colômbia vive um conflito armado interno de seis décadas que já deixou mais de 9 milhões de vítimas, a maioria deslocadas e assassinadas.