Mudança de voto reflete o equilíbrio da Argentina entre alianças e interesses estratégicos, como o apoio de Cuba nas questões sobre as Ilhas MalvinasJuan Mabromata/AFP

O presidente argentino Javier Milei demitiu sua chanceler, Diana Mondino, e a substituiu pelo embaixador em Washington, depois que a Argentina votou, nesta quarta-feira (30), contra o embargo a Cuba imposto há décadas pelos Estados Unidos, informou o porta-voz da Presidência.

"O novo chanceler da República Argentina é o senhor Gerardo Werthein", até então representante diplomático argentino nos Estados Unidos, escreveu na rede social X o porta-voz Manuel Adorni.

Horas antes, na Assembleia Geral da ONU em Nova York, a Argentina havia apoiado uma resolução contra o embargo dos Estados Unidos a Cuba, aprovada com 187 votos a favor, dois contra (Estados Unidos e seu aliado Israel, ambos próximos ao governo de Milei) e uma abstenção (Moldávia).

Instantes após a notícia da destituição da chanceler, Milei replicou uma publicação de uma deputada que dizia: "Orgulhosa de um governo que não apoia nem é cúmplice de ditadores. Viva #CubaLivre".

A Argentina vota historicamente contra o embargo econômico promovido pelos Estados Unidos à ilha.
A imprensa local informou, citando fontes anônimas do Ministério das Relações Exteriores, que não era conveniente para o país se pronunciar contra os Estados Unidos e Israel, mas que os votos de Cuba e seus aliados seriam necessários em futuros pleitos ao Reino Unido pela soberania das Ilhas Malvinas.

Werthein, sucessor de Mondino à frente da diplomacia argentina, é um empresário e também vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional, tendo presidido o Comitê Olímpico Argentino entre 2009 e 2021, antes de ser nomeado por Milei embaixador do país sul-americano nos Estados Unidos.