Caso ocorreu perto de divisa com reserva de Punta Tombo, na costa atlânticaReprodução/Internet

Um criador de gado da Patagônia argentina foi condenado, nesta quinta-feira (7), por danos e crueldade contra animais, após ser considerado culpado pela matança de centenas de pinguins de Magalhães ocorrida em 2021, uma decisão inédita no país sul-americano, informou a Justiça local.
Ricardo La Regina, que possui uma criação de bovinos na província de Chubut (sul), foi considerado culpado de "afetar o meio ambiente e produzir a morte de pinguins de Magalhães ao realizar trabalhos de limpeza do solo em sua fazenda ao norte da reserva de vida selvagem de Punta Tombo", um santuário natural para esta espécie protegida, detalhou o Ministério Público.
A Justiça ainda não determinou a pena contra La Regina, que será fixada em uma audiência prevista para a próxima segunda-feira.
No entanto, se for aplicado o somatório das acusações, a pena pode chegar a 12 anos de prisão, segundo indicou à AFP o advogado da causa Lucas Micheloud.
A promotora María Florencia Gómez, que pediu quatro anos de prisão para o acusado, sustentou que o réu agiu com "crueldade" e causou danos "irreversíveis" à fauna e flora do lugar quando, com uma retroescavadeira, "realizou trabalhos de limpeza e manipulação do solo [...] esmagando os ovos e pintinhos que estavam no caminho".
La Regina disse no início do julgamento ao canal argentino TN que sua forma de proceder "não foi a correta", mas que "não havia outra saída porque o Estado esteve ausente por mais de 10 anos", durante os quais ele reivindicou a abertura de caminhos e delimitações entre a fazenda que administra e a reserva.
A ação foi apresentada pelo estado provincial, pela Associação de Advogados Ambientalistas e ONGs como o Greenpeace.
Neste caso, "é um feito para a Justiça ambiental e a proteção dos pinguins e da natureza", considerou em comunicado Matías Arrigazzi, biólogo e integrante da equipe de campanhas do Greenpeace Andino.
A imprensa argentina batizou o caso de "O massacre de pinguins em Punta Tombo", já que os fatos ocorreram em uma propriedade que faz divisa com a reserva de Punta Tombo, na costa atlântica.
Trata-se de um santuário natural que abriga uma das maiores colônias do planeta de pinguins de Magalhães e é considerada "área de reserva" pela Unesco.