As manifestações já deixaram dezenas de mortos em MoçambiqueReprodução / Alfredo Zuniga / AFP
Pelo menos 30 mortos nos protestos pós-eleições em Moçambique
As manifestações foram organizadas para denunciar supostas fraudes no processo eleitoral
Pelo menos 30 pessoas morreram em Moçambique nas manifestações organizadas para denunciar supostas fraudes nas eleições de 9 de outubro, que oficialmente foram vencidas pelo partido governante, Frelimo, informou nesta sexta-feira (8) a ONG Human Rights Watch.
"Pelo menos 30 pessoas foram mortas entre 19 de outubro e 6 de novembro em todo o país", informou um porta-voz da HRW à AFP. Este balanço não inclui dados do dia 7 de novembro, quando uma grande manifestação em Maputo foi dispersada pela polícia e pelo exército.
O hospital central de Maputo "registrou três mortes relacionadas às manifestações" da última quinta-feira, anunciou o porta-voz Dino Lopes em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira.
Lopes não especificou se as vítimas eram manifestantes nem a origem dos ferimentos fatais. Este balanço não inclui óbitos registrados em outros hospitais da capital.
Segundo a ONG moçambicana Centro para a Democracia e os Direitos Humanos (CDD), cinco pessoas "foram mortas a tiros pela polícia" em Maputo na quinta-feira.
Milhares de simpatizantes responderam ao chamado do principal opositor, Venâncio Mondlane, que reivindica vitória frente ao partido que governa Moçambique há quase meio século.
Três membros do partido Podemos, ligado a Mondlane, estão "desaparecidos", segundo o presidente desta formação política, Albino Forquilha.
Manifestantes que saíram da província de Zambézia para participar da marcha em Maputo "foram interceptados e desde então estão desaparecidos", declarou em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira.
O Frelimo, que governa o país desde a independência de Portugal em 1975, obteve mais de 70% dos votos nas eleições gerais, consideradas "as mais fraudulentas desde 1999", segundo a ONG anticorrupção Centro de Integridade Pública (CIP).
A missão de observação da União Europeia informou sobre irregularidades antes, durante e após a votação, inclusive sobre "alterações injustificadas dos resultados".