Emmanuel Macron anunciou nesta terça-feira (3) que presidirá conferência junto ao príncipe herdeiro saudita Mohamed bin SalmanLudovic Marin/AFP

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou, nesta terça-feira (3), que presidirá junto ao príncipe herdeiro saudita e líder de fato do reino, Mohamed bin Salman, uma conferência sobre a criação de um Estado palestino.
"Decidimos copresidir uma conferência para os dois Estados em junho do próximo ano", declarou Macron durante uma visita a Riade.
"Nos próximos meses, juntos vamos multiplicar e combinar nossas iniciativas diplomáticas para levar todos por este caminho", acrescentou Macron, referindo-se a uma solução para o conflito na Faixa de Gaza que envolva a coexistência de Israel com um potencial Estado palestino.
Respondendo a uma pergunta sobre se a França reconheceria um Estado palestino, o presidente francês disse que ele o faria "no momento certo" e "quando ativar movimentos recíprocos de reconhecimento".
"Queremos envolver vários outros parceiros e aliados, tanto europeus quanto não europeus, que estão prontos para seguir nesta direção, mas que estão esperando a França", acrescentou.
Macron disse que o objetivo é "dar início a um movimento de reconhecimento a favor de Israel" que, afirmou, poderia "oferecer respostas em termos de segurança para Israel e convencer as pessoas de que a solução de dois Estados é uma solução relevante para Israel".
A Arábia Saudita parecia próxima de um acordo para normalizar as relações com Israel como parte de um pacote que incluiria garantias de segurança de parte dos Estados Unidos antes do ataque do Hamas em solo israelense em 7 de outubro de 2023, que foi o estopim da guerra em Gaza, que já dura quase 14 meses.
O reconhecimento por parte da Arábia Saudita seria um marco na aceitação de Israel, uma vez que o reino abriga os dois lugares mais sagrados do Islã.
Mas Riade informou estar relutante em seguir adiante enquanto Israel prosseguir com sua campanha em Gaza, endurecendo sua posição nos últimos meses e afirmando que não reconheceria Israel sem um Estado palestino independente.
O anúncio de hoje surge enquanto a Assembleia Geral da ONU deve votar, mais tarde nesta terça, a convocação de uma conferência internacional em junho com vistas a avançar na solução de dois Estados como parte de sua revisão anual da questão palestina.
Os pedidos por uma solução de dois Estados, com base em um Estado palestino estabelecido ao lado de Israel, se intensificaram desde o início da guerra em Gaza.
Em setembro passado, a Espanha sediou uma reunião de autoridades europeias e ministros de países muçulmanos, inclusive a Arábia Saudita, depois que Madri, juntamente com a Irlanda e a Noruega, reconheceram formalmente um Estado palestino, abrangendo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.