Líder da oposição venezuelana María Corina MachadoAFP

A líder opositora venezuelana, María Corina Machado, fez um "apelo urgente", nesta quarta-feira (4), para atender o que chamou de "um estado de sítio" na sede da embaixada da Argentina em Caracas, onde estão asilados seis de seus colaboradores.
"O regime transformou a residência diplomática em uma prisão, diante dos olhos do mundo, violando todos os acordos internacionais", denunciou no X Corina Machado, que está na clandestinidade.
Desde março, estão refugiados na sede diplomática seis opositores, acusados de "terrorismo", à espera de salvo-condutos para sair do país.
O pessoal da embaixada saiu quando o presidente venezuelano Nicolás Maduro rompeu relações com a Argentina, depois que o governo de Javier Milei não reconheceu sua reeleição, em julho. O Brasil, então, assumiu a custódia da embaixada.
Os refugiados, entre eles uma assessora próxima de Corina Machado, Magalli Meda, denunciaram que as autoridades cortaram, há dez dias, a energia elétrica e impuseram restrições para o abastecimento de água potável e alimentos.
"Fazemos um apelo urgente aos governos da Argentina e do Brasil para que respondam a esta situação com a gravidade que merece e dediquem todos os seus esforços para obter os salvo-condutos", pediu Corina Machado.
Maduro foi proclamado o vencedor das eleições de 28 de julho, em meio a denúncias de fraude da oposição, que reivindica a vitória de seu candidato, Edmundo González Urrutia, exilado na Espanha após uma ordem de prisão contra ele.
O advogado dos seis opositores refugiados na embaixada, Tomás Arias, disse à AFP, que pediu à Cruz Vermelha e ao Núncio Apostólico, monsenhor Alberto Ortega, sua "intervenção" por "razões humanitárias".
"Estamos falando de serviços básicos, eletricidade, água [...] É uma forma de tortura", alegou Arias.
Segundo Corina Machado, mais de 20 agentes de segurança se dirigiram, na madrugada desta quarta-feira, para as imediações da embaixada.
"A presença dos funcionários, com atitude agressiva, incluiu intimidação e instruções relacionadas a uma eventual entrada na sede diplomática", afirmou a opositora.
Arias disse que não houve "nada formal" quanto aos avanços com os salvo-condutos, embora tenham sido cumpridas "todas as gestões diplomáticas".
"Desde o momento em que se refugiaram, pediram o status de asilados", afirmou o advogado.
Embora a Venezuela tenha revogado a permissão do Brasil como guardião da embaixada, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que continuaria defendendo os interesses da Argentina.