Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol declarou lei marcial no país, revogada pelo parlamento horas depoisDivulgação
Na madrugada de 3 para 4 de dezembro, Yoon deixou a Coreia do Sul em uma grave crise política ao impor durante algumas horas uma lei marcial que provocou recordações do passado autocrático sombrio do país.
Investigado por insurreição ao lado de seu círculo próximo, o presidente conservador está proibido de sair do país e enfrentará, no próximo sábado (14), uma segunda votação de impeachment, depois de escapar por pouco de uma primeira moção votada na semana passada.
Em um discurso exibido na televisão, Yoon pediu desculpas ao povo, que ficou "surpreso e ansioso devido à lei marcial", mas criticou duramente a oposição, que acusou de destruir a ordem constitucional e levar o país a uma "crise nacional".
Lutarei com o povo até o último minuto", disse, desafiante, o presidente, que viu seu índice de popularidade desabar para 13% após o anúncio da lei marcial. A nova moção de destituição será votada às 17h (5h de Brasília) de sábado na Assembleia Nacional.
A oposição precisa obter o apoio de oito deputados do Partido do Poder Popular (PPP), de Yoon, para alcançar a maioria de dois terços necessária para que o processo avance (200 de um total de 300 votos).
Na votação de sábado passado, apenas dois deputados do PPP apoiaram a destituição, enquanto os demais abandonaram a Assembleia Nacional, o que possibilitou a permanência de Yoon no poder.
O líder do PPP, Han Dong-hoon, orientou os deputados do partido a comparecer ao debate e votar "de acordo com suas convicções e consciência".
Operações no complexo presidencial
O presidente e seus colaboradores próximos estão no alvo da Justiça por seu papel na primeira lei marcial decretada no país desde a instauração da democracia em 1987.
Nesta quinta-feira, a polícia tentou concretizar uma nova operação de busca no complexo presidencial em Seul, informou a agência de notícias Yonhap, um dia após os guardas de segurança terem bloqueado o acesso dos investigadores ao local.
A operação desta quinta-feira se concentra no quartel-general do Estado-Maior Conjunto, que teria aceitado cooperar com a investigação, segundo a Yonhap.
A principal legenda da oposição, o Partido Democrático, ameaçou processar por insurreição os funcionários e a guarda presidencial caso prosseguissem com a obstrução da investigação.
A polícia também compareceu aos quartéis-generais do comando de defesa do Exército em Seul, que foi mobilizado durante a declaração da lei marcial.
Até o momento, as forças de segurança prenderam dois policiais de alto escalão e o ex-ministro da Defesa que, segundo as autoridades, tentou cometer suicídio na terça-feira na prisão.
O PPP apresentou durante a semana um plano para a renúncia de Yoon e afirmou que o presidente aceitou delegar seu poder ao líder do partido e ao primeiro-ministro Han Duck-soo.
Contudo, o presidente conservador, que se tornou conhecido como um popular promotor na Coreia do Sul antes de ser eleito presidente em 2022, criticou duramente a oposição nesta quinta-feira por levar o país a "uma crise nacional".
"A Assembleia Nacional, dominada pelo grande partido da oposição, se transformou em um monstro que destrói a ordem constitucional da democracia liberal", declarou Yoon, que iniciou uma disputa com o Legislativo devido aos orçamentos do país.
Yoon disse ainda que não poderá evitar "a responsabilidade legal e política pela declaração da lei marcial". O presidente sul-coreano justificou na semana passada a medida extraordinária pela ameaça das "forças comunistas da Coreia do Norte" e para "eliminar os elementos antiestatais" no país.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.