Desde a queda de Assad, Israel lançou centenas de bombardeios contra o território sírioJalaa Marey / AFP
Chanceleres árabes condenam invasão israelense de zona desmilitarizada na Síria
Lideranças afirmam que ações violam o direito internacional e o acordo de retirada de 1974 entre os dois países
Ministros das Relações Exteriores de países árabes reunidos neste sábado, 14, em Ácaba, na Jordânia, para discutir a situação na Síria, condenaram a invasão israelense esta semana de uma zona desmilitarizada nas Colinas de Golã, na Síria, após a queda do ditador Bashar Al-Assad, e exigiram que as forças de Israel deixem o território.
Segundo informações da agência de notícias do governo da Jordânia, Petra, declaração divulgada após o encontro diz que os ministros condenam "a incursão de Israel na zona-tampão com a Síria e em uma série de locais adjacentes no Monte Hérmon, na província de Quneitra e na zona rural de Damasco, como uma ocupação hedionda, como violação do direito internacional e do acordo de retirada de 1974 entre a Síria e Israel".
Eles decidiram "exigir a retirada das forças israelenses, denunciar os ataques israelenses em outras áreas e instalações na Síria, reafirmar que as Colinas de Golã são uma terra árabe e síria ocupada, cuja ocupação deve terminar, e exigir que o Conselho de Segurança [da ONU] tome as medidas necessárias para impedir essas violações".
De acordo com o site da rede de TV Aljazeera, do Catar, participaram da reunião os chanceleres da Jordânia, Iraque, Arábia Saudita, Egito, Líbano, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Catar.
Após a queda de Assad e a ascensão do grupo Hayat Tahrir Al-Sham (HTS, Organização para a Libertação do Levante), os ministros pedem "a cessação imediata de todas as operações militares" no país e declaram apoio a "um processo de transição política pacífico e inclusivo, no qual todas as forças políticas e sociais sírias estejam representadas, incluindo mulheres, jovens e sociedade civil, com justiça, patrocinado pelas Nações Unidas e pela Liga Árabe", segundo a Petra.
Eles apoiam também formação de um governo de transição e de consenso para implementar a "transição para um novo sistema político que atenda às aspirações do povo sírio com todos os seus integrantes, por meio de eleições livres e justas supervisionadas pelas Nações Unidas, com base em uma nova constituição aprovada pelos sírios".
Os ministros pedem respeito aos direitos do povo sírio "sem qualquer discriminação de raça, seita ou religião, e garantia de justiça e igualdade para todos os cidadãos", a preservação das instituições do Estado para evitar que o país "caia no caos" e se comprometem a "intensificar os esforços para combater o terrorismo", pois "o terrorismo representa uma ameaça à Síria e à segurança da região e do mundo, e derrotá-lo é uma prioridade coletiva".
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, também se reuniu com diplomatas árabes em Ácaba e revelou que autoridades americanas estiveram em contato direto com o HTS.
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