52% dos navios que cruzam esta rota comercial têm portos dos Estados Unidos como origem ou destinoReprodução
O céu está nublado, sente-se a umidade e há ameaça de chuva no centro de visitantes das eclusas de Agua Clara, no acesso atlântico do canal, na província de Colón.
As festividades pelos 25 anos do canal sob soberania panamenha são ofuscadas por Trump, que sugeriu que os Estados Unidos retomem o controle desta via marítima se as tarifas cobradas dos navios americanos não forem reduzidas.
Mas os turistas que observavam neste fim de semana o barco Lars Maersk, de 266 metros de comprimento, não compartilham da opinião do republicano.
"O canal é do Panamá, não é dos Estados Unidos", afirma à AFP Natalia Glusack, uma contadora californiana de Santa Bárbara, de 47 anos, que viaja com sua mãe.
"Os americanos vieram e ajudaram a construí-lo, não porque foram convidados, mas porque convidaram a si mesmos. Então, acho que é 100% do Panamá e assim deve continuar sendo", diz Glusack.
"Não há nada o que conversar"
Após uma luta geracional, em 1977, o líder nacionalista panamenho Omar Torrijos e o presidente americano Jimmy Carter assinaram os acordos que permitiram a transferência do canal para o Panamá.
Mas Trump quer recuperá-lo porque as tarifas pagas pelos navios americanos lhe parecem "ridículas".
"Esta completa fraude ao nosso país vai acabar imediatamente", afirmou Trump, apesar de que o valor das tarifas não é determinado pelo país de origem do navio, mas sim pela sua capacidade e tipo de carga.
O republicano também acusa a China de operar de maneira ilegal a via interoceânica, alegação rejeitada pelo governo panamenho.
"O canal é nosso, é o símbolo da identidade e da soberania; recuperá-lo convocou e ainda convoca as maiores demonstrações de solidariedade", declarou à AFP o ex-presidente panamenho, Martín Torrijos.
"Trump afirma muitas coisas e isso não as torna verdadeiras; sabemos que o presidente Carter assinou um tratado e que esse tratado deu o canal aos panamenhos", afirma à AFP Mindy Holland, uma aposentada de Nova York.
Só se importa com o dinheiro
52% dos navios que cruzam esta rota comercial têm portos dos Estados Unidos como origem ou destino.
A suposta presença da China no canal é um argumento "inventado", acrescenta.
Miller, um aposentado de 75 anos, também visitou o canal no ano passado e afirma que "Trump é um homem de negócios que só se importa com o dinheiro".
Seus seguidores "só vão dizer que ele está nos defendendo tentando reduzir nossos custos, porque se as tarifas de envio caírem, então talvez as coisas custem menos", acrescenta.
Trump "gosta de irritar"
"Entendo que ele se preocupe com os preços, mas se os barcos não economizassem dinheiro pagando as tarifas, não viriam por aqui", acrescenta Bein.
Começa a chover levemente em Agua Clara, enquanto o navio dinamarquês entra no canal em direção ao porto de Buenaventura, no Pacífico colombiano.
"Acho que (Trump) gosta de promover coisas dramáticas e de irritar as pessoas", lamenta Metzner.
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