Peça em homenagem a Jorge Lafond: escrita e produzida pela sua primaDivulgação/Sesc

Mais artigos de O Dia
O Dia
Niterói – Em duas únicas apresentações nas unidades do Sesc em Niterói e São Gonçalo, o espetáculo “Jorge pra sempre Verão” narra a história do ator e bailarino Jorge Lafond (1952-2003) – célebre por interpretar Vera Verão, personagem queer que marcou os anos 1990 no programa A Praça É Nossa, do SBT. A peça será encenada nesta sexta-feira (04/08), às 19h, em Niterói. No sábado (05/08), às 19h, é a atração na programação do Sesc São Gonçalo. Os ingressos a preços populares custam de R$ 5 (meia) a R$ 10 (inteira).
Escrita Aline Mohamad, prima de Lafond, em parceria com Diego do Subúrbio, a peça surgiu após a autora escrever uma carta a Lafond, em uma tentativa de reconciliação póstuma com o primo. “Um pedido de desculpas, uma redenção, uma luz nas diversas encruzilhadas que eu tenho com meu primo. Muito emocionada, enviei essa carta para alguns amigos e, ao acordar, li as respostas: você tem uma linda peça nas mãos”, relembra Aline Mohamad.
A montagem é dirigida por Rodrigo França e encenada pelos atores Alexandre Mitre, Aretha Sadick e Noemia Oliveira, que interpretam, respectivamente, Jorge Lafond, Vera Verão e a prima Aline. A obra não aborda apenas a obra do artista, mas apresenta uma ficção desenvolvida a partir de sua biografia. “O movimento LGBTQIAP+ sempre foi encabeçado por pessoas pretas, como Marsha P. Johnson, uma mulher trans negra norte-americana que liderou a Rebelião de Stonewall, em 1969. Jorge Lafond estimulou que muita gente tivesse coragem para externar quem realmente é na vida. Estamos falando de um homem negro retinto, afeminado e com mais de dois metros de altura, vestido de mulher na televisão brasileira”, conclui França.
SOBRE LAFOND:
Jorge Luiz Souza Lima, o Lafond, estudou balé clássico e viajou com a dança por Europa e Estados Unidos antes de migrar para a televisão. Nas telinhas, abriu portas para a comunidade LGBTQIAP+ como uma drag queen e pedia respeito com seu bordão mais famoso: "Epa, bicha não!". Carioca, Lafond disse certa vez em uma entrevista que tinha consciência de ser gay desde os seis anos de idade, mas pela homofobia explícita da época, fez de tudo para que seus pais não descobrissem. Formou-se em teatro pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), e dança afro e balé clássico – tendo dançado com Mercedes Batista, a primeira bailarina negra a integrar o corpo de baile do Theatro Municipal.
Seu nome artístico é homenagem à atriz Monique Lafond, de quem era fã. Antes de adotá-lo, ele pediu autorização à "dona", que não colocou obstáculos. Na época, Lafond era cabelereiro e começou a se montar para se apresentar na noite. A drag queen interpretada por Lafond surgiu pela primeira vez ao lado dos "Trapalhões", na Globo. A personagem era um soldado machão que voltou "diferente" após uma viagem ao exterior. Convidado por Carlos Alberto de Nóbrega, Lafond foi com o personagem para o SBT e ganhou projeção nacional no "A Praça é Nossa", em 1992.
No SBT, apesar de ter sido alçado à ídolo, sofreu um preconceito que o marcou eternamente. No programa da casa, o "Domingo Legal", foi convidado a se retirar do palco para que o padre Marcelo Rossi se apresentasse. Em entrevista, ele confessou que a situação o magoou muito. Lafond nos deixou em janeiro de 2003, após sofrer um infarto. Jorge completaria 71 anos em março deste ano.
SERVIÇO:
Espetáculo: Jorge pra sempre Verão
Datas e Locais: 04/08, às 19h: Sesc Niterói (R. Padre Anchieta, 56 – Centro de Niterói) e 05/08, às 19h: Sesc São Gonçalo (Av. Pres. Kennedy, 755 – Estrela do Norte, São Gonçalo)
Classificação Indicativa: 14 anos
Duração: 60 minutos
Ingressos: R$ 10 (inteira), R$ 5 (meia) e gratuito para credenciados Sesc e público cadastrado no PCG