Agroecologia na Favela: projeto gera emprego, renda e novas oportunidades de negócios com sustentabilidadeLuciana Carneiro/Ascom
Dentro das ações do programa de agroecologia já realizadas em diversos bairros, o projeto doou, em caráter experimental, 20 composteiras para moradores, feita de galões de água mineral que perderam a validade e seriam descartados. Após aulas e orientações dos técnicos da Secretaria e de engenheiros florestais, moradores não só estão aprendendo a reaproveitar cascas de alimentos da forma correta, como já estão produzindo em pequenos espaços nas suas casas, biofertilizantes naturais, que já estão utilizando nos próprios plantios em suas casas.
Eliane Oliveira da Silveira, 60 anos, moradora da Comunidade do Souza Soares, aprendeu a fazer a compostagem de forma correta. Já se interessava, mas fazia errado, participou do treinamento com a Secretaria de Meio Ambiente e já está produzindo morangos em sua casa, usando o biofertilizante feito com restos de comida.
Natany Rosa é presidente da Associação de Moradores do Souza Soares, em Santa Rosa. Ela tem dois filhos, trabalha 12 horas por dia e ainda encontra tempo para cuidar de horta, plantação e utilizar restos de alimentos para fazer uma composteira – já que ela está participando do projeto. O cálculo é que, se o projeto alcançar as cerca de 400 famílias da comunidade, seriam em média cerca de 53 toneladas de lixo que deixariam de ir para a rua e para aterros sanitários todo ano. Se for transformado pode render cerca de R$ 200 mil por ano para a comunidade.
“Nunca pensei que conseguiria fazer isso. Agora não jogamos mais nada fora. Já estamos incentivando a compostagem e a criação de hortas e florestas urbanas. Perto da minha casa já foram plantadas mudas de amora, bananeira, coqueiro e legumes. Todos estão recebendo o biofertilizante feito a partir da compostagem. Eu quero muito mais. Meu sonho, agora que comecei, é poder estender para muitos moradores da comunidade. Além de uma alimentação mais saudável, podemos ampliar a produção de biofertilizante e isso gerar renda para todos”, afirmou a presidente da Associação de Moradores do Souza Soares.
A engenheira florestal Bianca Oliver Sarmento, de 32 anos, participou do primeiro Projeto do Niterói Jovem Ecosocial. Ela é formada na UFF e moradora da Comunidade do Vital Brasil. Criou o Projeto Favela Verde, e fez a introdução do programa Piloto de Agroecologia na Comunidade do Vital Brasil e Souza Soares. “É muito gratificante, sendo moradora da comunidade, poder fazer parte da implantação de um projeto deste tipo. Contamos muito com a associação de moradores e a vontade que todos tem de trazer melhorias para sua comunidade. Já estávamos trabalhando no projeto de Agroecologia Urbana com plantações de frutas, legumes e verduras, e agora estamos com essa questão da Compostagem, treinando e mostrando aos moradores que é possível”, explicou Bianca Oliver Sarmento.
RETOMADA ECONÔMICA COM SUSTENTABILIDADE
O Programa Municipal de Agroecologia Urbana de Niterói foi instituído pelo Decreto 13.771/20, como estratégia de retomada econômica e garantia da sustentabilidade, soberania e segurança alimentar. A meta é desenvolver um setor economicamente produtivo, através de sistemas alimentares circulares, rentáveis, inclusivos e saudáveis, atrelados a fatores ambientais e geoculturais inerentes à identidade da cidade – com doação de mudas agrícolas, de insumos e equipamentos, assistência técnica e capacitação em técnicas agroecológicas.
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