Curso de Agroecologia Indígena Camponesa sem Transição: realizado pela CLINDivulgação/Ascom
Curso de agroecologia indígena camponesa sem transição foi ministrado na CLIN
Aulas ensinaram a importância dos adubos verdes, peletização de sementes, biofertilizantes e outras estratégias sustentáveis
Niterói – Na última quinta-feira, dia (9) teve início o Workshop de Engenharia de Biossistemas, ministrado pelos Engenheiros Agrônomos, Sebastião Pinheiro e Oliver Naves Blanco, na Companhia de Limpeza de Niterói.
O curso de Agroecologia Indígena Camponesa sem Transição – Organização Juquira Candiru Satyagraha, em colaboração com a Engenharia Agrícola e Ambiental da UFF e com a Divisão Ambiental da CLIN – aborda uma ampla gama de práticas e conhecimentos essenciais para agricultores, como a análise do solo por meio de técnicas como Cromatografia de Pfeiffer e o uso de defensivos agroecológicos. Neste primeiro dia, os participantes também puderam entender a importância dos adubos verdes, peletização de sementes, biofertilizantes e outras estratégias para promover a saúde do solo e o cultivo sustentável.
Sebastião nasceu em São Gonçalo, mas, em 1967, foi estudar no exterior e, depois, voltou para o Brasil, passando a morar no Sul, por conta do clima. Ele destaca a sua vocação desde a infância: “Na minha infância, uma das coisas que eu mais gostava de fazer era juntar lavagem, aqueles resíduos de cozinha que todas as famílias guardavam para dar aos vizinhos que criavam porcos. E eu saía para distribuir os pedaços de carne nas festas. A matéria orgânica hoje no lixo é um dano para quem trabalha em limpeza pública porque ela fermenta. Então, destaco a reciclagem da matéria orgânica como um processo pedagógico. Precisamos educar as novas gerações de crianças para que percebam a importância disso, pela saúde, pela educação, pelo meio ambiente e pelo clima do planeta. Quando o agricultor recebe esta matéria orgânica, ele faz com que, no solo, ela se transforme em saúde das plantas e em maior produtividade na agricultura. Assim, temos melhor alimento e mais barato. Existe um lixo orgânico em casa, que é muito nobre: o pó de café usado. Nele sempre tem um resíduo ainda, que tem nitrogênio e é importante para preparar compostos. Isso se transforma em uma política pública, social, de altíssima envergadura, que pode interessar ao planeta, ao governo e à cidadania”, explica.
No minicurso, que seguiu até o último sábado, o público conheceu mais a respeito de outras práticas e suas aplicações. Foram elas: farinhas de rochas, biochar, bokashi; adubos verdes, microrganismos camponenses (sólidos + líquidos); biofertilizantes; fosfito; Produção do “Purim”- microbiano de Tainá Kan (farinha de rocha, biochar, esterco curtido em amido/açúcar, granulação; registros meteorológicos, tradicionais, simples e complexos; avaliação de Gases do Efeito Estufa com Cromatografia de Pfeiffer; fenologia camponesa, microlotes: sucos, chás, guaraná, agrofloresta e café, entre demais questões.
Hugo Guimarães, aluno do mestrado da pós-graduação de Engenharia de Biossistemas da UFF, explica como estas aulas podem acrescentar na sua formação: “eu acredito muito na produção dessa agricultura sem veneno. Estamos aprendendo as técnicas para fazermos um adubo orgânico, o que é importante para a saúde. Vimos aqui que o solo tem vida, tem bilhões de microrganismos”.
O curso começou de forma teórica e prática, no Viveiro da CLIN, que serve como base para o reflorestamento, recuperação de encostas e áreas degradadas, bem como arborização de regiões da cidade. Possui cerca de 140 mil mudas, sendo 90 de espécie da Mata Atlântica, produzidas a partir de resíduos de poda, já que este material é rico em nutrientes e auxilia no desenvolvimento das plantas.
Oliver, entre outras coisas, mostrou a todos como preparar um Composto de Bocachi: “coloco aqui carvão, farinha de trigo, resíduo de poda, pó de rocha, esterco e vou molhando com água de melaço. É preciso organização. Se ficar muito quente, bato, coloco a mão e faço um pequeno vulcão. A temperatura da massa não pode passar de 50/ 56 graus. Depois de 8 a 15 dias, perde o calor. Aí, pode-se utilizar. Quanto maior a diversidade de microrganismos, melhor”, diz.
Luiz Vicente, Coordenador da Divisão e da Educação Ambiental da CLIN e do Viveiro, ressalta a interação entre a empresa e a UFF. “O curso vem no bojo desta cooperação técnica. Professor Sebastião é renomado nesta área. Todo o conceito diferente de se fazer agricultura, sem o uso de agrotóxicos ou produtos químicos. É importante firmarmos sempre estes termos de cooperação técnica, junto com as universidades, para trazermos tecnologia de lá de dentro para cá. O entrosamento entre professores, pesquisadores e alunos é primordial. Agora, por exemplo, está se falando até na parte de compostagem diminuir o ciclo de produção de composto – de 6 para 3 meses. Fazer o aproveitamento de resíduos de alimentação, a partir de uma metodologia que permita reduzir o tempo de reciclagem deste material. Importante destacar que este trabalho que mostraram de preparar o composto permite que o carbono fique fixado no solo por bastante tempo”.
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