Arte coluna opinião 21 março 2023paulo márcio

Em 2015, o Conselho Municipal de Saúde propôs a criação do Dia do Orgulho SUS na cidade do Rio de Janeiro, em 21 de março. Inspirada em uma ação iniciada na Inglaterra, a data surgiu como parte de um movimento global e voluntário em prol dos sistemas de Saúde, buscando marcar o compromisso de cada cidadão para tornar a Saúde Pública ainda melhor.

O primeiro Dia do Orgulho SUS causou estranhamento e até desconfiança. O Brasil tem um dos maiores e o mais inclusivo sistema público de Saúde do mundo, mas o modelo assistencial nem sempre é compreendido pela população, por falta informação de que mesmo aqueles que não utilizam a rede de atenção à Saúde também são beneficiados pelos serviços e ações do sistema, seja com a vacinação, seja com transplantes, com a vigilância sanitária, entre outros.

Depois daquele primeiro Dia do Orgulho SUS, nos anos seguintes a data foi adotada também por outras cidades brasileiras e se transformou num movimento nacional. Profissionais e usuários do sistema de Saúde aderiram e passaram a usar a data para divulgar exemplos de trabalho comprometido, de assistência acolhedora e resolutiva.

Foi então que o destino trouxe uma pandemia assustadora, que lotou os serviços de Saúde, tanto os públicos como os privados, e o SUS mostrou sua impressionante capacidade de esticar o cobertor para abraçar os pacientes. Quando os laboratórios não conseguiam dar vazão à alta demanda de testagem para covid-19, a Prefeitura do Rio abriu 23 centros de testagem. Ao todo, foram 4,6 milhões de testes realizados na cidade entre 2021 e 2022.

Não vou dizer que foi tudo perfeito, nem que tiramos a crise sanitária de letra. Não foi. Houve muitas intercorrências e desafios, principalmente por lidarmos com uma doença desconhecida que tivemos que aprender no dia a dia como tratar, e com tantos pacientes chegando ao mesmo tempo.

Mas o SUS é muito maior do que isso e, ao longo da pandemia, foi mostrando sua força, tanto no cuidado dos pacientes acometidos pela covid-19, quanto na prevenção. De janeiro de 2021 até hoje, foram cerca de 500 milhões de doses das vacinas contra a doença aplicadas no Brasil. No município do Rio de Janeiro já foram mais de 19 milhões de doses.

Pessoas que não eram usuárias regulares do sistema público de Saúde se sentiram acolhidas e descobriram um SUS aguerrido, com profissionais comprometidos e competentes. Para nós que trabalhamos há décadas construindo a Saúde pública do Rio de Janeiro, foi bonito ver as pessoas passarem a defender o SUS. Nas redes sociais, milhares de fotos de pacientes de todas as idades sendo vacinados; manifestações de “viva o SUS”, “salve o SUS”, “o SUS é nosso”, “defenda o SUS”.

Sim, o brasileiro aprendeu a se orgulhar do SUS.
Rodrigo Prado é secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro