Otoni de Paula foi vereador do Rio até 2018 e atualmente está em segundo mandato na Câmara dos DeputadosDivulgação/Câmara dos Deputados

Na polarização política, discutimos e debatemos divergências de ideias, sempre no campo da impessoalidade, ainda que por muitas vezes movidos por exageros, fruto de debates acalorados. Já na polarização tóxica, o bom debate de ideias é renegado a segundo plano para dar lugar a um debate raso de degradação de caráter ou de cancelamento.
Vou exemplificar: na polarização tóxica partimos do princípio que a verdade, a vontade de fazer o bem, enfim, a coisa virtuosa pertence ao meu grupo, daí me sinto habilitado para ser promotor da desconstrução da reputação de caráter do meu adversário político pelo simples fato de eu imaginar que ele está mesmo a serviço do mal.
Só que a realidade é que temos virtudes e maus feitos em ambos os lados. Se há corrupto na esquerda, há também na direita; se há ladrão no PT, há também no PL ou no meu MDB, assim como há pessoas corretas e honestas em todos os lados.
A honestidade ou as práticas corrompidas não são privilégios de um dos lados da moeda política, porque o que se corrompe ou o que se mantém honesto não são partidos ou instituições, e sim os homens que ocupam esses lugares. Há tempos tenho dito: não farei parte da polarização tóxica, da qual fiz um dia. Felizmente, somos convidados pela vida ao amadurecimento. Amadureci.
Nunca votei na esquerda ou em qualquer um de seus candidatos. O atual presidente nunca foi minha preferência política eleitoral, mas reconheço que, mesmo contrariado e cheio de observações acerca do processo eleitoral, ele é o presidente do Brasil e não vou torcer para que faça tudo errado para que o meu candidato em 2026 venha a assumir o poder. Não serei do time do “quanto pior, melhor”, como a esquerda agiu na maior parte do tempo contra o ex-presidente.
Não usarei as mesmas armas. Em tudo aquilo que for para o bem maior do Brasil, o atual governo poderá contar com meu voto e apoio. Naquilo que eu entender que prejudicará a nação, serei oposição e trabalharei com sugestões alternativas que acredito serem melhor para todos.
Não trairei meus ideais e princípios. Jamais colocarei meus valores em um balcão de negócios da política. Mas o que eu puder buscar no governo, no tocante a políticas públicas, mesmo não sendo base, a fim de levar melhorias para meu estado e minha cidade, eu farei. Pois essa é minha obrigação enquanto representante do Rio de Janeiro e a obrigação do governo, de forma republicana, é atender.
Os debates que proponho acabam promovendo a polarização política, o que acredito ser saudável, pois nunca prejudicou o Brasil. Mas abro mão da polarização tóxica, pois não quero me tornar como aqueles que, durante tanto tempo, quando estavam no governo, agiram dessa forma contra o ex-presidente e contra o Brasil.
Se alguém tentar distorcer minhas palavras na tentativa de me taxar daquilo que não sou, não haverá nenhum problema, pois antes de me preocupar em ser visto como um político de direita, prefiro ser visto ideologicamente como aquilo que sou: um cristão.
Otoni de Paula é deputado federal (MDB-RJ)