Inacreditável que, neste século XXI, com tanta informação, tanto conhecimento e facilidade de se saber a vida do vizinho, muita gente ainda prefira a casa deteriorada a uma bem-conservada e com todo conforto. A moeda única para ambas as habitações é o voto, pelo menos enquanto possível.
Na política, o melhor regime é o que tem eleições livres, pluralismo e alternância de poder. Também reflete o grau de liberdades democráticas a ausência de censura, de presos políticos e dificuldades econômicas que levem a uma fuga da população mais vulnerável, de um lado, e da mais abonada, de outro. Na América Latina, a qualidade de vida dos bolivarianos decaiu muito. Inclusive em Cuba, onde a vida é pior do que nos tempos de um regime caudilhista e corrupto. Hoje, a cúpula do poder custa mais caro e o país vive sem pão e sem liberdade.
Na economia, quando se avalia a qualidade de vida dos povos, a melhor distribuição da riqueza e bons empregos é, claro, nos países com algum capitalismo, que apresentam um quadro melhor dos demais.
Temos dois vizinhos pequenos com crescimento superior ao nosso na última década, o Paraguai e, de dois anos para cá, o Uruguai. E o Chile, a mais moderna economia, com excelente distribuição e renda per capita maior do que a nossa, depois dos anos dos economistas da escola de Chicago aos quais o presidente Augusto Pinochet entregou a política econômica. O atual presidente, vindo da esquerda, tem mostrado juízo e conversão à democracia.
Uma mácula no terceiro mundo tem sido a corrupção impune e generalizada. Aqui mesmo, no Brasil, temos os fundos das estatais que deram prejuízos, penalizaram seus assistidos e agora voltam a ter gestores temerários, questionados pelos funcionários, que têm batido às portas da Justiça. Um filme já visto.
As estatais, depois de quase falidas nos 14 anos de PT, foram recuperadas nos governos Temer e Bolsonaro e as que não foram vendidas podem voltar a apresentar prejuízos e até repetição de casos de corrupção. O mundo está acabando com estas ilhas de privilégios. As estatais, aliás, como dizia Roberto Campos, não pertencem ao povo, como se procura fazer crer. Pertence aos funcionários e políticos que indicam dirigentes. E onde ainda atuam, nos transportes, energia e outros setores, são frequentes as greves. Falta um mínimo de coragem para se acabar com privilégios, como os que se aposentam, recebem complementação e continuam nas empresas.
O Rio vive o exemplo do benefício para todos com a entrega de serviços ao setor privado no saneamento, com a sua melhoria e a visível qualidade das praias e lagoas que estão sendo devolvidas ao uso da população. A venda da distribuição, em gesto de impecável competência do governo, aportou recursos preciosos para o Estado do Rio e garantiu investimentos necessários.
Discutir democracia e crescimento econômico com a mentalidade do atraso e da ignorância apequena o momento que vivemos.
Insistir neste modelo político de intimidar oposição e manter estado obeso não encontra mais eco na sociedade esclarecida. E leva ao atraso.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.