Thiago Pampolha. Vice-governador do Rio de Janeiro e secretário de Estado do Ambiente e SustentabilidadeDivulgação

Os recentes incêndios florestais no Canadá, no Havaí, na Grécia e na Espanha só comprovam que "não existe plano B para o planeta porque não existe planeta B", como bem disse o ex-secretário da ONU, Ban Ki-moon. Nos Estados Unidos, a tragédia é considerada o incêndio mais fatal no país em 105 anos. Além do registro de mais de 100 óbitos, as chamas deixam várias consequências. No Canadá, devido ao comportamento imprevisível do fogo, foi necessário que os residentes evacuassem a área, por segurança, incluindo os socorristas. Na Grécia, o fogo também causou a morte de pelo menos 20 pessoas. Na Espanha, mais de 14 mil hectares viraram chamas.
Focos de incêndio em vegetação são mais comuns quando há uma conjunção de fatores, como altas temperaturas, baixa precipitação e baixa umidade do ar. Um estudo divulgado pelo Programa Ambiental das Nações Unidas mostra o impacto real da mudança climática não só no aumento de casos, mas também no maior impacto que cada ocorrência gera. Os incêndios destroem o meio ambiente, emitindo gases poluentes e fumaça, que fazem mal à saúde e provocam doenças respiratórias. Todos no planeta estamos expostos a esse problema, já que o vento leva a fumaça a quilômetros de distância e as consequências disso não param por aí. Sofrem a natureza, a nossa saúde e também a economia. Os impactos do fogo que afetam transportes, por exemplo, influenciam na logística diária de distribuição da indústria, comércio e serviços de uma localidade.
No Brasil, entre maio e outubro, período de seca, o cuidado deve ser redobrado. E, embora muitas vezes não seja possível evitar este tipo de ocorrência, é obrigação de cada um prevenir. Grande parte das queimadas florestais é provocada por ações humanas e podem sair do controle, atingindo áreas que estavam fora de alcance do foco inicial, como o que está acontecendo na América do Norte.
No Estado do Rio, de 2022 para 2023, o número de incêndios em vegetação já registrou aumento de mais de 100 ocorrências. Para ampliar as ações preventivas aos incêndios florestais, uma iniciativa coordenada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a Operação Fumaça Zero, envolve diversos órgãos, como Corpo de Bombeiros, secretarias e unidades de conservação estaduais e municipais. São realizadas ações de educação ambiental nas comunidades; intensificação do monitoramento nas unidades de conservação e emissão de notificações para moradores que residem ao redor de áreas protegidas. Esse ano, em menos de dois meses, já foram emitidas mais de 930 notificações preventivas.
É preciso reforçar a necessidade de discussões para a criação de regras ambientais rígidas que foquem no adequado uso da terra e na produtividade da vegetação, bem como na conservação florestal. Somente com políticas públicas cada vez mais assertivas, vamos avançar neste quesito. E pode parecer bobagem, mas a população também deve ter a consciência de que é inviável continuar com algumas atitudes – muitas vezes consideradas como corriqueiras -, como colocar fogo em lixo, mesmo em áreas abertas, e jogar bitucas de cigarro nas estradas próximas à vegetação, por exemplo. A hora de agir é agora para que o futuro não cheire a fumaça.

Thiago Pampolha
Vice-governador do Rio de Janeiro e secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade