Raul Velloso analisa situaçãoReprodução
Neste artigo, cabe ressaltar que o "buraco" financeiro que temos pela frente é muito maior do que se pensa, e se mostra não só na União, mas também em todas as demais esferas de governo, com destaque para o gigantesco problema previdenciário municipal, o que complica bastante as coisas, pela menor capacidade de os municípios administrarem esse tipo de problema relativamente à União. Para as pessoas terem uma ideia de sua dimensão, no período 2011 a 2018, os gastos previdenciários municipais subiram à taxa real média de 12,5% a.a., algo chocante. Por ordem decrescente, nos Estados essa mesma taxa foi de 5,9% a.a. em 2006-18. No Regime Geral (INSS), foi de 5,1% a.a. em 2006-20, e no Regime Próprio Federal, de 3,1% a.a. em 2006-21.
Cabe finalmente registrar que, em decorrência da exaustão do espaço orçamentário para os demais usos discricionários (notadamente os investimentos), devido à subida do dispêndio previdenciário, a despesa real com inversões públicas globais em infraestrutura acabou desabando nada menos do que à taxa média real de -5,4% a.a. em 2010-22, fazendo com que o PIB crescesse à média real há muito tempo difícil de se imaginar de 1,2% a.a. em 2010-22. Nessas condições, se nada for feito para conter esse processo, a tendência natural será de os investimentos brevemente zerarem na grande maioria dos entes, sendo daí apenas um passo para o crescimento nulo do PIB e, eventualmente, até negativo. (No caso extremo dos municípios, o que se sabe hoje é que, pela via da suspensão de pagamentos críticos, há uma dívida informal nova da ordem de R$ 500 bilhões, que foi acumulada mais recentemente junto à Justiça - com precatórios -, junto ao Regime Geral e aos Regimes Próprios de Previdência, por conta da suspensão do pagamento de contribuições e outros.
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