André Esteves- diretor executivo do Instituto Onda AzulDivulgação

No atual cenário socioeconômico, os desafios da empregabilidade no terceiro setor emergem como uma preocupação central. Este setor, caracterizado por organizações não governamentais, associações e fundações que visam promover o bem-estar social e ambiental, enfrenta uma série de obstáculos únicos relacionados à sua natureza e missão.
Um dos principais desafios é a sustentabilidade financeira. Muitas organizações do terceiro setor dependem de financiamento externo, seja de doações, subsídios governamentais ou parcerias com o setor privado. A busca por recursos financeiros é constante e competitiva, tornando difícil a garantia de empregos estáveis e remuneração adequada para os colaboradores.
Além disso, a falta de visibilidade e reconhecimento público pode impactar a capacidade do terceiro setor de atrair talentos qualificados. Enquanto empresas do setor privado frequentemente oferecem pacotes de benefícios atrativos e oportunidades de crescimento profissional, as organizações sem fins lucrativos podem não ter os mesmos recursos para competir nesse aspecto.
A natureza muitas vezes volátil do financiamento também contribui para a instabilidade no emprego. Projetos podem ser interrompidos ou reduzidos devido a mudanças políticas, econômicas ou de prioridades de financiamento, levando a demissões ou à não renovação de contratos. Isso cria incerteza para os funcionários do terceiro setor, que podem enfrentar dificuldades em planejar suas carreiras a longo prazo.
Outro desafio importante é a profissionalização da gestão. Muitas organizações do terceiro setor começaram como iniciativas de base, lideradas por voluntários apaixonados, mas podem enfrentar dificuldades ao tentar profissionalizar suas operações e práticas de gestão. Isso inclui a necessidade de desenvolver habilidades de liderança, governança eficaz e capacidade de avaliação de impacto, para garantir a eficácia e a sustentabilidade a longo prazo.
A diversidade e inclusão também são desafios significativos no terceiro setor. Embora muitas organizações tenham missões voltadas para a justiça social e a equidade, a falta de representação de grupos minoritários em suas equipes pode minar esses objetivos. A promoção da diversidade no local de trabalho requer esforços proativos para atrair, reter e promover talentos de diferentes origens e perspectivas.
Apesar desses desafios, o terceiro setor também oferece oportunidades únicas para os profissionais que buscam um trabalho significativo e com propósito. O envolvimento em causas sociais e ambientais pode ser intrinsecamente recompensador e oferecer uma sensação de realização pessoal que pode superar considerações puramente financeiras.
Para enfrentar esses desafios, é crucial que as organizações do terceiro setor adotem uma abordagem estratégica e colaborativa. Isso inclui a busca de parcerias com outras organizações e setores, a diversificação das fontes de financiamento, o investimento na capacitação e desenvolvimento de pessoal e o compromisso com a transparência e prestação de contas.
Em última análise, o sucesso do terceiro setor em superar os desafios da empregabilidade depende do compromisso contínuo de todos os envolvidos - desde líderes organizacionais e financiadores até colaboradores e voluntários - em trabalhar juntos para criar um futuro mais justo, equitativo e sustentável para todos.
* André Esteves é diretor-executivo do Instituto Onda Azul