Vacinação retorna no Rio nesta quinta-feira. Na foto, Dulcinéia da Silva LopesLuciano Belford/Agência O Dia
Por Karen Rodrigues*
Publicado 17/02/2021 16:20 | Atualizado 18/02/2021 13:03
Rio - Os secretários estadual e municipal de Saúde do Rio, Carlos Alberto Chaves e Daniel Soranz, respectivamente, junto com a equipe técnica da Subsecretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES), concederam uma entrevista coletiva, nesta quarta-feira, para esclarecer sobre os casos de variantes do coronavírus confirmadas no Rio. A variante B.1.1.7, oriunda do Reino Unido, e a P.1, vinda de Manaus (AM), foram identificadas em cinco pacientes do estado. Segundo os especialistas, a P.1. pode ser mais transmissível, mas não há confirmação de que seja mais letal.
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O primeiro caso da variante identificado no estado foi uma mulher, de 36 anos, da cidade do Rio, com a linhagem do Reino Unido. Os outros quatro casos são da P.1, são eles: um homem de 46 anos vindo de Manaus, um homem de 40 anos da capital fluminense, um homem de 30 anos de Petrópolis e um homem de 55 anos de Belford Roxo, que morreu.
“Foi o único dos cinco que chegou a óbito. Ele foi internado, mas não tem nada a ver com o sequenciamento ou a variante. Ele evoluiu para óbito como evoluiria normalmente. Ele agravou e a gente ainda está investigando para saber o por quê, as causas que o levaram ao óbito, mas com certeza não tem nada a ver com a agressividade da variante”, afirmou Mário Sérgio Ribeiro, superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da SES.
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Na coletiva, foi esclarecido ainda que o paciente, inicialmente identificado como sendo de Petrópolis, não é morador do município da Região Serrana. Segundo informações preliminares da SES, ele seria morador da capital.
Ainda não se sabe se os casos são importados, isto é, oriundos de outros lugares, ou se já estavam em circulação no Rio de Janeiro. O governo do estado, em cooperação com o município, ainda está em investigação para identificar se esses casos configuram transmissão local. “O objetivo principal da vigilância é apurar se o vírus é importado, vindos principalmente de Manaus, ou se já estava circulando no estado”, disse Mário Sérgio.
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De acordo com a subsecretária de Vigilância em Saúde, foi feita uma coleta para análise genômica de todos os pacientes. A confirmação dos prováveis locais de infecção e de moradia dos pacientes deve ser divulgada até sexta-feira (19).
O superintendente de vigilância da SES destacou que as três variantes já estavam sendo monitoradas no Brasil. “Não é um vírus novo, é uma mutação, uma variante, já era um processo natural e era esperado que chegasse ao Rio de Janeiro, como já vinha acontecendo em outros estados”.
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Estudos sobre a taxa de transmissibilidade das variantes ainda estão em andamento. O intuito é comprovar que as variantes têm uma transmissibilidade maior que o vírus original, o que causa um aumento significativo no número de casos.
“A transmissibilidade alta ocasiona muitos casos em pouco tempo, o que a gente chama de colapso da rede. Se você tem muitos casos em pouco tempo, mesmo que você tenha uma quantidade de leitos razoável, é provável que naquele momento de explosão de casos você tenha dificuldade de atender todos os casos. A gente sempre tenta evitar os casos graves e o óbito, dificilmente você vai evitar, no meio de uma pandemia, o aumento do número de casos. O que o SUS faz é tentar evitar o número de óbitos, o impacto dessa doença em relação ao óbito”, explicou o superintendente.
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A prevenção contra as variantes é a mesma em relação ao coronavírus original, isto é, distanciamento social, evitar aglomerações, uso de máscaras, lavar as mãos e fazer uso do álcool em gel. A Prefeitura do Rio disse estar em alerta sobre o aumento do número de casos.
“Sobre as medidas de controle, temos que ficar atentos a qualquer tipo de atendimento de síndrome respiratória na rede e vamos tomar as medidas que a gente já previamente definiu. É importante que a gente acompanhe o aumento de número de casos e caso haja um aumento de casos, nós vamos tomar as medidas necessárias”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
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Transferência de pacientes para o Rio
Em um ano, chegaram 58 pacientes ao Rio de Janeiro vindos de Manaus e Rondônia. Foram 34 pacientes encaminhados ao Hospital de Andaraí, sendo 7 mulheres e 27 homens, e 24 foram para a Fiocruz, sendo estes 12 mulheres e 12 homens. Apenas um caso deles teve sequenciamento genômico com laudo finalizado.
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Os cinco pacientes de Rondônia chegaram neste fim de semana e seguiram para o Hospital de São Francisco da Penitência, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Segundo a subsecretaria de Vigilância em Saúde da SES, todos os pacientes estão em estado estável.
Vacinas contra covid-19
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Em relação às vacinas contra covid-19, os secretários estadual e municipal de Saúde afirmaram não ter previsão de quando novos lotes do imunizante devem chegar para dar continuidade ao calendário de vacinação na cidade do Rio.
“Sobre os novos lotes de vacina, só o Ministério da Saúde pode determinar. Eu sei que a expectativa da população é grande, mas a gente está esperando a comunicação oficial. Todo mundo sabe que quanto a gente vacinar antes, melhor, mas estamos esperando a comunicação oficial”, disse Daniel Soranz.
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O secretário estadual ainda ressaltou que não pretende entregar a segunda dose para continuar com a vacinação na capital, sem que tenha uma notificação do Ministério da Saúde sobre a chegada de novos lotes.
“Não vou distribuir a segunda dose, se eu não tiver sequer nenhum oficial da chegada de novos imunizantes. A partir do dia 22 [de fevereiro], vamos distribuir a segunda dose e não vamos parar”, disse Carlos Alberto Chaves.
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Aglomerações no Carnaval
Durante os quatro dias de feriado de Carnaval, vários pontos de aglomeração foram identificados no Estado do Rio. A Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP), em parceria com o Instituto de Vigilância Sanitária, a Guarda Municipal e a Polícia Militar, fiscalizaram bares e interditaram festas clandestinas desde a última última sexta-feira (12). O secretário estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves, afirmou estar envergonhado com os eventos do feriado.
“Eu fico envergonhado de ver a população em festas e, digo bem claro e vou repetir agora, a maioria é jovem adulto. Isso é uma vergonha. Eu estou vendo as notícias, o desacato das pessoas e não acontece nada. A impunidade é a mãe de todos os males. Eu me preocupo como cidadão. Esse tipo de norma precisa de uma fiscalização mais severa. Eles estão reagindo como massa”, disse.
Perguntado sobre os casos de covid-19 no Estado após este período de Carnaval, o secretário explicou que vão continuar monitorando. “A quantidade de pessoas [com covid-19] vai agravar, vamos acompanhar com dados, com números. Eu como cidadão fico pasmo, não aguento mais ver isso. Mas, infelizmente, isso é falta de educação e o pessoal olhando para o próprio umbigo”.
O secretário Carlos Alberto ainda não considera a possibilidade de um lockdown no estado. “Estou esperando o Carnaval, esperando os próximos 15 dias. Lockdown não podemos nem pensar, se não for expectante junto com a vigilância do município e do estado juntos”.
*Estagiária sob supervisão de Cadu Bruno
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