Publicado 16/03/2021 12:02 | Atualizado 16/03/2021 17:57
Rio - A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) marcou o depoimento do youtuber Felipe Neto para a próxima quinta-feira. O delegado responsável pelo caso, Pablo Sartori, disse que não foi marcada hora. Sartori acrescentou que se desejar, Neto poderá se apresentar por meio de uma petição entregue na delegacia com esclarecimentos por meio de seu advogado, sem precisar comparecer presencialmente à unidade policial.
Felipe foi intimado ontem suspeito de calúnia com base na Lei de Segurança Nacional, editada durante a ditadura militar. O processo investigativo foi iniciado após uma queixa-crime aberta contra ele por Carlos Bolsonaro. O vereador teria denunciado o humorista por ter chamado o presidente da República Jair Bolsonaro de genocida, por conta da condução do presidente no enfrentamento à pandemia de covid-19.
Por meio de sua assessoria, Felipe Neto disse que não vai se posicionar sobre o caso.
Em entrevista ao portal de notícias G1 o delegado Pablo Sartori confirmou que a denúncia foi feita pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos). "Foi uma petição pedindo a instalação do procedimento porque parece que o Felipe Neto teria chamado o presidente de genocida, e aí se enquadraria nessa Lei de Segurança Nacional, conforme o entendimento mais recente no STF. A petição, quem fez o pedido da investigação, foi o Carlos Bolsonaro, mas a vítima é o pai dele, o presidente ", declarou Sartori ao portal.
O delegado mencionou um procedimento no Supremo Tribunal Federal (STF) que caracterizaria como crime ofender o presidente da República. "E está lá, especificamente: ofender o presidente da República. Então, tem o enquadramento na Lei de Segurança Nacional esse crime, quando você ofende o presidente da República, que é o caso que foi investigado", afirmou.
Sartori acrescenta que o caso será remetido à Justiça que segundo ele, decidirá se trata-se de crime contra a segurança nacional ou 'crime contra honra comum'. "No caso, nós fazemos o registro, colocamos a capitulação e a Justiça é que vai ver se há esse crime de ofensa ao presidente, como um ataque à segurança nacional, ou se entende que não há isso e ficaria num crime contra a honra comum, do Código Penal. Essa avaliação só o juiz que vai poder dizer", disse o delegado da DRCI.
Em nota, a Polícia Civil do Rio disse que o titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) recebeu a notícia-crime e registrou. "O depoimento do Felipe Neto é que vai esclarecer se foi crime contra a segurança nacional ou se é uma injúria do Código Penal", diz o texto. A Polícia diz que o delegado intima para entender se Felipe Neto queria atingir o Bolsonaro como presidente ou como pessoa física. Ou seja, apesar do registro, não é certo que a tipificação anunciada será a tipificação final. O delegado, entendendo que houve crime de segurança nacional, encaminha para a esfera competente, que neste caso é a Justiça Federal, afirma a secretaria.
'Não sobrava outra palavra', diz Felipe Neto
Em vídeo publicado em sua conta no Twitter, o youtuber cita as razões pelas quais usou o termo genocida para classificar Bolsonaro.
"Eu não sei como que ele [Carlos Bolsonaro] queria que eu me referisse a um presidente que chamou a pandemia de gripezinha, que provocou aglomerações em todos os momentos, que sabotou medidas dos governadores para enfrentar a pandemia, que condenou uso de máscaras, que demitiu dois ministros da Saúde que tentaram agir com o mínimo de decência, que gastou milhões de reais em cloroquina, droga ineficaz no combate à doença, que se recusou a comprar a vacina quando foi oferecida pela Pfizer, que sempre se recusou a vacinar, que outra palavra eu deveria usar para me referir a esse presidente? Colegão? amigo do povo? Não sobrava outra palavra", afirmou.
Felipe Neto disse ainda que a ação visa a amedrontar a população. "Vou continuar sem medo. O objetivo deles é a imposição do medo. Eles sabem que eu tenho como me defender. Sabem que não vai dar em nada essa acusação descabida, mas querem impor o medo. Um povo não deve jamais ter medo do governo. O governo que deve temer o o povo. Nós vamos vencer", declarou.
Apoio nas redes
O caso mobilizou a internet, onde diversos usuários saíram em defesa de Felipe e rapidamente os termos “Felipe Neto” e “#BolsonaroGenocida” passaram a ocupar o topo dos Assuntos do Momento no Twitter.
Entre os perfis das redes sociais que prestaram apoio ao youtuber estavam outros influenciadores, artistas e políticos dos dois lados do espectro. Até pessoas que não concordam com os posicionamentos de Felipe, como o apresentador Danilo Gentili, enviaram mensagens de apoio ao caso do influenciador.
Entre os perfis das redes sociais que prestaram apoio ao youtuber estavam outros influenciadores, artistas e políticos dos dois lados do espectro. Até pessoas que não concordam com os posicionamentos de Felipe, como o apresentador Danilo Gentili, enviaram mensagens de apoio ao caso do influenciador.
Indiciado pelo mesmo delegado
O youtuber já havia sido indiciado pelo delegado Pablo Sartori em novembro do ano passado pelo crime de corrupção de menores. Felipe Neto foi intimado à época por não colocar classificação indicativa em vídeos antigos de seu canal, onde aparece falando palavrão. "Baseado em denúncias caluniosas feitas pela articulação do ódio bolsonarista, um delegado decidiu me indiciar sem apurar nada ou fazer qualquer investigação. Confiamos inteiramente na justiça. Já esperávamos isso e estamos 100% tranquilos", escreveu à época.
Nesta terça-feira o delegado confirmou que o inquérito foi concluído e remetido ao Ministério Público e à Justiça. O Tribunal de Justiça do Rio, no entanto, informou que não encontrou a ação no sistema.
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