Publicado 16/04/2021 19:11
Rio - Profissionais da saúde da rede federal do Rio estão sendo orientados a diluir doses de sedativos para que mais pacientes possam ser intubados. A informação foi divulgada pelo dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde e Previdência Social no Estado do Rio (Sindsprev/RJ) Sidney Castro e confirmada por funcionários que estão atuando na linha de frente em unidades federais.
De acordo com o dirigente, essa manobra em casos de escassez de sedativos não é uma surpresa, mas usar isso para pacientes com covid-19 pode levar à morte. "Medicamento sempre faltou, ele falta em todas as unidades. Esta orientação de diluir os sedativos é uma forma de economizar, já que os medicamentos estão cada vez mais escassos e essa é a realidade que vivemos nos hospitais federais", diz Sidney Castro.
De acordo com o dirigente, essa manobra em casos de escassez de sedativos não é uma surpresa, mas usar isso para pacientes com covid-19 pode levar à morte. "Medicamento sempre faltou, ele falta em todas as unidades. Esta orientação de diluir os sedativos é uma forma de economizar, já que os medicamentos estão cada vez mais escassos e essa é a realidade que vivemos nos hospitais federais", diz Sidney Castro.
Ainda segundo ele, diante desse cenário, não é possível fazer nada para contornar essa situação. A prática também foi realizada em um hospital da rede municipal. Segundo um técnico de enfermagem do Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, que preferiu não se identificar, a unidade também havia orientado os profissionais a diluir doses de sedativo, mas atualmente a prática do mesmo não é mais realizada.
O técnico explicou que em alguns casos a diluição pode até resolver, mas nos casos de pacientes em estado muito grave, como são os pacientes intubados por causa da covid-19, a diluição não ajuda, apenas prejudica. "Os poucos sedativos disponíveis são basicamente jogados fora ao serem diluídos, já que perde a eficiência", contou.
Nesta sexta-feira (16), o DIA entrevistou alguns especialistas que afirmaram que caso o paciente não receba a quantidade exata de sedativo para manter a intubação, o quadro clínico pode agravar e até levar à morte.
"Está tudo em falta, não tem um medicamento em estoque, em todas as unidades, inclusive particulares. Para intubação, a gente consegue intubar o paciente com pouca medicação, mas praticamente todos os casos graves precisam totalmente de sedação e para deixar o paciente totalmente sedado precisa de mais medicação. Se o paciente fica mal sedado, isso piora o quadro do paciente, porque ele fica acordado e 'brigando' com o ventilador. Ele não oxigena o sangue da forma correta", explicou o médico generalista e diretor do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Pedro Archer.
'Kit intubação': Saúde entrega anestésicos e bloqueadores musculares para municípios do Rio
Na quinta-feira (15), A Secretaria de Estado de Saúde (SES), por meio da Superintendência de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (SAFIE), realizou a entrega de medicamentos que compõe o “kit intubação” a municípios e hospitais que atendem pacientes em tratamento de Covid-19. Dessas, 36 receberam anestésicos e bloqueadores musculares para compor o estoque de medicamentos para o período estimado de sete dias de atendimento.
Defensoria Pública cobra explicações do estado sobre escassez de kit intubação nos hospitais
A Defensoria Pública do Rio pediu explicações para o Estado do Rio de Janeiro sobre a escassez de medicamentos que compõem o kit intubação. Nos últimos dias, profissionais de saúde têm relatado um colapso nos hospitais federais, estaduais, municipais e privados do estado. A Defensoria Pública entrou com uma Ação Civil Pública cobrando o pronto abastecimento das medicações indispensáveis para o tratamento dos pacientes com a forma mais grave da covid-19.
Na tentativa de obter mais informações e acompanhar as medidas que estão sendo tomadas para a regularização desses estoques, a Defensoria também realizou com os demais órgãos de controle, Defensoria Pública da União e Ministérios Públicos Federal e Estadual do Rio de Janeiro, uma reunião com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro.
Na tentativa de obter mais informações e acompanhar as medidas que estão sendo tomadas para a regularização desses estoques, a Defensoria também realizou com os demais órgãos de controle, Defensoria Pública da União e Ministérios Públicos Federal e Estadual do Rio de Janeiro, uma reunião com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro.
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