Operação da Polícia Civil no JacarezinhoReginaldo Pimenta / Agência O DIA
Por *Thalita Queiroz
Publicado 06/05/2021 15:37
Rio - Por conta das dezenas de denúncias de moradores da comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte, durante a operação da Polícia Civil, desta quinta-feira (6), que dividiu opiniões de especialistas em Segurança Pública, a Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OAB RJ e a Defensoria Pública do Rio foram ao local no início da tarde desta quinta-feira (6) para conversar com a população. Uma das denúncias que mais chamou a atenção da Comissão foi uma foto que mostra o corpo de uma pessoa negra colocada em uma cadeira, sentado, com um dos seus dedos na boca, em uma posição de deboche.
Foto de um cadáver sentado na cadeira com o dedo na boca, em tom de deboche, repercute - Divulgação
Foto de um cadáver sentado na cadeira com o dedo na boca, em tom de deboche, repercuteDivulgação


Segundo o procurador da Comissão, Dr. Rodrigo Mondego, as denúncias são graves e o responsável pode ter sido um agente do Estado. "Isso é algo que só um psicopata poderia fazer, pegar um cadáver e fazer isso. É estarrecedor ver que um agente do Estado estaria debochando de um cadáver, isso é uma amostra do que aconteceu no Jacarezinho nesta manhã", disse Rodrigo.

A operação da Polícia Civil desta quinta-feira já é o maior caso em quase 5 anos de Fogo Cruzado mapeando a Região Metropolitana do Rio. O procurador da Comissão diz que este caso pode ter sido o maior massacre da história do Rio de Janeiro: "Confrontos acontecem, não sabemos se isso foi autorizado pela Justiça, mas a forma como isso aconteceu e a quantidade de mortos é estarrecedor".
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A Defensoria Pública do Rio de Janeiro informou que está acompanhando com muita atenção os desdobramentos da operação policial e que nesta tarde a instituição está no local, por meio de sua Ouvidoria e do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos, ouvindo os moradores e apurando as circunstâncias da operação, a fim de avaliar as medidas individuais e coletivas a serem adotadas. "Desde já, manifestamos nosso pesar e solidariedade aos familiares de todas as vítimas de mais essa tragédia a acometer nosso estado", disse em nota.
A Comissão da OAB RJ quer acompanhar o processo de apuração, junto com o Instituto Médico Legal. "Vamos ver como tudo será registrado, se o scanner profissional vai ser realizado, as fotos panorâmicas e também realizar uma perícia indireta. Vamos ouvir também os moradores", destacou o procurador Rodrigo Mondego.
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Ativistas e políticos criticaram o ocorrido nas redes sociais
Djeff Amadeus, um dos advogados responsáveis pela sustentação do ADPF 635, conhecida como "ADPF das Favelas pela Vida", no Supremo Tribunal Federal, demonstrou indignação com o ocorrido. A medida ADPF 635 estipula a suspensão de operações policiais em favelas do Rio de Janeiro - durante a pandemia - que não sejam previamente justificadas ao Ministério Público (MP).
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A deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) também se pronunciou sobre a foto em circulação.
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A Operação Exceptis, foi realizada para prender criminosos que foram identificados em investigações que estariam recrutando crianças e adolescentes para o mundo do crime. Além do tráfico de drogas, os criminosos respondem pelos crimes de homicídio, formação de quadrilha e sequestro de trens.
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A Secretaria Estadual de Polícia Civil realizou uma coletiva ao fim da operação, para divulgar o balanço final. Cerca de 200 agentes da Polícia Civil participaram da operação. Policiais militares apoiaram a operação, impedindo a fuga de criminosos pela linha férrea. Entre os feridos estão dois agentes da Polícia Civil e dois passageiros do MetrôRio, baleados dentro de uma composição que passava pela estação Triagem.
Em nota, o Governo do Estado lamentou as mortes durante a operação na comunidade. "A ação foi pautada e orientada por um longo e detalhado trabalho de inteligência e investigação, que demorou dez meses para ser concluído. Para garantir a transparência e a lisura da operação, todos os locais de confrontos e mortes foram periciados. É lastimável que um território tão vasto seja dominado por uma facção criminosa que usa armas de guerra para oprimir milhares de famílias", disse a nota.
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*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes
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