Operação da Polícia Civil no Jacarezinho
Operação da Polícia Civil no JacarezinhoReginaldo Pimenta / Agência O DIA
Por Yuri Eiras e Thalita Queiroz*
Rio - Moradores do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, relataram que havia casas na comunidade com pessoas mortas e feridas. "É sangue puro", descreveu um morador da região. Uma megaoperação nesta quinta-feira deixou 28 mortos, inclusive um policial civil. A ação teve como objetivo combater traficantes que estariam aliciando crianças e adolescentes para integrar a facção que domina o território. Dez suspeitos foram presos e conduzidos à Cidade da Polícia, em frente ao Jacarezinho.
Familiares de feridos e presos estiveram na porta da Cidade da Polícia para colher informações de para onde foram levados os suspeitos. "Meu marido estava com a cabeça ensanguentada. A última vez que vi, estava vivo, em pé. Agora fiquei sabendo que está morto. Nem sei em qual hospital, qual delegacia ir", disse a mulher de um deles.
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Nem mesmo quem evitou sair de casa por causa dos intensos tiroteios ficou a salvo. Em fuga, bandidos pularam os muros e invadiram casas de moradores. Em uma imagem que circula nas redes sociais, um morador registrou o chão de casa repleto de sangue no chão após um criminoso ferido invadir a sua residência.
Moradores tiveram a casa invadida por criminosos baleados durante operação da Polícia Civil no Jacarezinho - Divulgação
Moradores tiveram a casa invadida por criminosos baleados durante operação da Polícia Civil no JacarezinhoDivulgação
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Um morador, que não quis se identificar, disse que não há proteção por parte dos agentes de segurança durante a operação. "Acho que eles pensam que estão no Iraque", desabafou. Quem mora na região ficou preso dentro de casa, os comércios foram fechados, escolas e uma Clínica da Família da região não funcionaram. Através dos grupos de redes sociais moradores tentaram se comunicar para identificar se os tiroteios já tinham cessado ou não.
Houve ainda relatos de dezenas de corpos espalhados nas ruas no interior da comunidade do Jacarezinho, além de muitas cápsulas de balas no chão e marcas de tiros nos muros das casas. Em um áudio divulgado pelo RJTV 1, da TV Globo, um morador relatou que policiais estariam tomando uma postura bastante agressiva e, em alguns casos, até pegando telefones de moradores para verificar se estavam enviando mensagem com informações para traficantes. "Estão pegando telefone, agredindo morador e fazendo agressão", disse uma testemunha.
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Em um vídeo, moradores se mostraram desesperados e discutindo com policiais. Ainda não se sabe de são parentes de alguma vítima.
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Conduta dos policiais serão apuradas
Em virtude dos relatos de moradores, a ouvidoria da Defensoria Pública disse que vai até a comunidade para ouvir os moradores. Segundo eles, há diversas denúncias sobre a conduta dos policiais durante a operação. A Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OABRJ também está com vários advogados acompanhando a operação.
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A Operação Exceptis, foi realizada para prender criminosos que foram identificados em investigações que estariam recrutando crianças e adolescentes para o mundo do crime. Além do tráfico de drogas, os criminosos respondem pelos crimes de homicídio, formação de quadrilha e sequestro de trens.
A Secretaria Estadual de Polícia Civil realizou uma coletiva ao fim da operação, onde apresentou o balanço final. Cerca de 200 agentes da Polícia Civil participaram da operação. Policiais militares apoiaram a operação, impedindo a fuga de criminosos pela linha férrea. Entre os feridos estão dois agentes da Polícia Civil e dois passageiros do MetrôRio, baleados dentro de uma composição que passava pela estação Triagem.
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*Estagiária sob supervisão de Cadu Bruno