Mulher faz pregação com teor racista e homofóbica em Nova FriburgoReprodução
Publicado 20/08/2021 19:16
Rio - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou, nesta sexta-feira (20), Karla Cordeiro dos Santos Tedim, por praticar, induzir e incitar o preconceito e a discriminação contra as pessoas negras e integrantes da comunidade LGBTQIA+. No dia 31 de julho, durante a transmissão ao vivo de um culto na Igreja Sara Nossa Terra, em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, Karla criticou fiéis que defendem causas políticas, raciais e LGBTQIA+.

"É um absurdo pessoas cristãs levantando bandeiras políticas, bandeiras de pessoas pretas, bandeiras de LGBTQIA+, sei lá quantos símbolos tem isso aí. É uma vergonha. Desculpa falar, mas chega de mentiras, eu não vou viver mais de mentiras. É uma vergonha. A nossa bandeira é Jeová Nissi, é Jesus Cristo. Ele é a nossa bandeira. Para de querer ficar postando coisa de gente preta, de gay. Para. Posta a palavra de Deus que transforma vidas. Vira crente, se transforma, se converta", declarou Karla na ocasião.

A Promotoria de Justiça deixou de propor acordo de não persecução penal - uma negociação para substituir o processo criminal por outras formas de reparação dos danos causados - por entender que Karla violou a dignidade da pessoa humana. A denúncia ressaltou que o crime se deu através de discurso voltado para jovens, propagando intolerância a pautas sociais de inclusão e cidadania com alcance presencial e remoto, potencializando o alcance da mensagem e, assim, o desvalor do resultado e as consequências do delito.

"A pretexto de enaltecer sua 'bandeira', a denunciada induziu e incitou menosprezo pelas pessoas de cor preta e por aquelas integrantes da comunidade LGBTQIA+, propagando discriminação e preconceito contra aquelas e suas causas ao enfatizar a 'vergonha' que tais 'bandeiras' importariam se fizessem parte das manifestações sociais dos seus ouvintes. [...] Karla agiu com menoscabo e preconceito contra lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, queers, intersexuais, assexuais, não binários e pessoas com orientação sexual e identidade de gênero diversas, ao zombar da sigla representativa da comunidade que os agrega", diz o documento.

Relembre o caso

A Polícia Civil investiga Karla Cordeiro dos Santos Tedim por ter feito um discurso em que orienta os fiéis da Igreja Sara Nossa Terra, em Nova Friburgo, Região Serrana do Rio, a não apoiar causas do movimento negro ou LGBTQIA+. O vídeo foi apagado pela autora, mas circulou com críticas nas redes sociais.


Após virar alvo de inquérito policial por intolerância racial e homofobia, a pregadora fez uma retratação pública em sua conta no Instagram. "Quero afirmar que não possuo nenhum tipo de preconceito com pessoas de outras raças, inclusive meu próprio pastor é negro, e nem contra pessoas com orientações sexuais diferentes da minha, pois sou próxima de várias pessoas que fazem parte do movimento LGBTQIA+", disse em nota.
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Kakau Cordeiro será ouvida pela polícia nos próximos dias por pregação com teor racista e homofóbico em Friburgo - Reprodução
Kakau Cordeiro será ouvida pela polícia nos próximos dias por pregação com teor racista e homofóbico em FriburgoReprodução


Karla afirmou que as palavras que usou não expressam a opinião da igreja ou do pastor. "A minha intenção era de afirmar a necessidade de focarmos em Jesus Cristo e reproduzirmos seus ensinamentos, amando os necessitados e os carentes, principalmente, as pessoas que estão sofrendo tanto na pandemia". No último dia 8, ela foi à 151ª DP (Friburgo) para prestar depoimento.
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