Girão foi preso nesta sexta-feira, em São PauloDivulgação

Rio - As mortes de André Henrique da Silva Souza, conhecido como "Zóio", e sua companheira, Juliana Sales de Oliveira, em junho de 2014, foram motivadas pela disputa entre milicianos pelo controle da Gardênia Azul, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Nesta sexta-feira (30), o ex-vereador Cristiano Girão foi preso, em São Paulo, alvo de uma operação que investiga os assassinatos. O policial reformado Ronnie Lessa, que está preso pela morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, também foi alvo da ação.

Investigações da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio (MPRJ) apontam que Lessa executou André e Juliana a mando de Girão, que cumpria pena em regime fechado na época. Segundo denúncia do MPRJ, apesar de estar em um presídio de segurança máxima na época do assassinato do casal, ele era responsável por controlar a milícia da Gardênia Azul. No dia 22 de junho, o Ministério ofereceu denúncia contra Girão e o PM. 

De acordo com a denúncia, o crime aconteceu porque "Zóio" pretendia dar um "golpe de estado" e assumir a liderança e poder paralelo na região, passando a cobrar os valores pagos a título de taxas ilegais e aluguéis, até então recebidos pelo ex-vereador. Juliana acabou executada como forma de garantir a impunidade do crime. 

Pelo crime, o ex-vereador é acusado de duplo homicídio. Os investigadores chegaram até Girão a partir de depoimentos de testemunhas e ao descobrirem uma pesquisa feita no Google por Lessa sobre notícias das mortes, em 19 de fevereiro de 2018. Na época, ele buscou: "Casal morto na Gardênia Azul". Girão já foi condenado por lavagem dinheiro, envolvimento com a milícia da Gardênia Azul e formação de quadrilha.
Cristiano Girão foi vereador do Rio pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN) e atualmente não tem mais filiação partidária. Ele foi condenado em 2009 a 14 anos de prisão, por chefiar a milícia da Gardênia Azul. Com a condenação, perdeu o mandato em 2010. Girão ficou preso por cerca de oito anos. Em agosto de 2017 ganhou direito a liberdade condicional por meio de indulto. Ele chegou a ser alvo de investigações no caso Marielle, mas a polícia descartou a hipótese de participação no crime ainda na primeira fase do inquérito.