Rio - O ex-vereador do Rio, Cristiano Girão, foi denunciado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) por um atentado contra o ex-policial André Henrique da Silva Souza, o "Zóio", e sua companheira Juliana Sales Oliveira, na Gardênia Azul, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, no ano de 2014. O MPRJ aponta que o crime foi encomendado ao policial militar reformado Ronnie Lessa, preso pelas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo.
O Ministério pediu as prisões de Lessa e Girão pela morte do casal. Na ocasião, André e Juliana estavam em um carro em movimento, quando disparos vindos de outro veículo os atingiu. De acordo com o MPRJ, o crime foi motivado pelo controle da Gardênia Azul por milicianos. A força-tarefa do caso Marielle no órgão e a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) concluíram as investigações do atentado contra o ex-policial e, para os investigadores, revelam uma ligação entre Ronnie Lessa e Cristiano Girão.
O ex-vereador passou a ser suspeito também de ter encomendado a morte de Marielle. No celular de Lessa, foi identificada uma busca no Google por informações divulgadas pela imprensa sobre a morte de “Zóio”, em 2018, quatro anos depois do crime. O interesse em um caso antigo fez com que ele passasse a ser investigado pelo assassinato. Dados coletados através de antenas de celular mostraram que Ronnie estava na Gardênia no dia da emboscada contra André e duas testemunhas disseram terem visto Lessa.
Os investigadores apontam semelhanças entre os crimes contra o ex-policial e sua esposa e contra Marielle e Anderson. Os carros das vítimas foram atingidos em movimento, por dezenas de tiros agrupados e o atirador fez os disparos de dentro de um carro. Uma arma automática foi usada nos dois casos, sendo um fuzil M16 em 2014 e uma submetralhadora MP5 na morte da vereadora e do motorista. Os assassinos ficaram por duas horas de tocaia.
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Cristiano Girão foi condenado por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro por comandar a milícia da Gardênia Azul. Ele estava na cadeia na época dos assassinatos do André e Juliana, mas, segundo o MPRJ, ainda controlava a quadrilha de dentro da prisão. Ao G1, a defesa do ex-vereador disse que ele recebeu com surpresa a notícia do suposto envolvimento no homicídio, porque na época do crime, em 2014, ele estava em um presídio de segurança máxima fora do Rio de Janeiro.
Ainda de acordo com a defesa, Girão não tem e nunca teve ligação com Ronnie Lessa e não exerce nenhuma influência política na região. A defesa nega que ele tenha ligação com organizações criminosas que eventualmente atuem na Gardênia Azul e que ele não mora no Rio desde 2009, quando foi preso. O advogado de Girão declarou ainda que o ex-vereador sempre esteve à disposição das autoridades, que confia na Justiça e reitera a sua inocência.
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