Agentes da Core realizam operação nesta segunda-feira (19) em Manguariba REGINALDO PIMENTA

Rio - Faça chuva ou faça sol, o clima no conjunto Manguariba, em Paciência, tem sido pesado há mais de um mês. Veículos pretos percorrem as ruas em velocidade baixa, homens armados revistam carros visitantes e grupos circulam com fardamento idêntico ao da polícia. A tensão tomou conta do lugar desde a morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko, no dia 12 de junho. Menos de 48 horas após a morte do miliciano, o grupo rival comandado por Danilo Dias Lima, o Tandera, invadiu Manguariba, segundo investigações da Polícia Civil. A mudança deixou os moradores assustados.
"Com a morte do Ecko, movimentou aqui. Do nada, saiu a galera antiga e entrou uma nova, que não conhece a comunidade", conta um morador de Manguariba. "Eles ficam na espreita. Qualquer carro estranho que entra eles revistam. Está uma guerra fria. A gente está no mercado, de repente vê alguém meio estranho andando devagarzinho, olhando para o nada. Ou um carro preto passa em velocidade baixa. Eles estão se acostumando com a gente, e nós a eles", completou.
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Nesta segunda-feira, agentes da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, fizeram uma operação em Manguariba. Um suspeito foi baleado, e dois fuzis e uma pistola foram apreendidos. Três carros roubados foram interceptados, e perto deles policiais acharam mochilas com munição, roupas camufladas e coletes idênticos aos da PM. Não foi surpresa para os moradores.
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"Eles (os milicianos) andam fardados. Quando meu neto queria brigar comigo, dizia que iria chamar os policiais da rua", afirmou uma moradora, que não será identificada.
O uso de roupas parecidas com as da polícia é uma prática dos milicianos. Há um mês, a Polícia Civil encontrou na casa de Ecko, em Santa Cruz, uma farda idêntica a da PM, personalizada com o nome de 'Capitão Braga'.
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Com pouco transporte, clima durante a noite é ainda mais tenso
A possível invasão do grupo de Tandera teve consequência na rotina do conjunto. Na semana após a morte de Ecko, as vans irregulares que levavam os moradores de Manguariba até a Avenida Brasil deixaram de circular. Elas já retornaram, mas o clima segue tenso, principalmente à noite. "Chego por volta de 22h e vou direto para casa, sem parar. Sempre tem alguém à espreita, olhando para quem está entrando. É uma entrada e uma saída, apenas. Eles fiscalizam. Ninguém mais fica até tarde na rua, ninguém brinca mais nas pracinhas", afirma um morador.
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"É perceptível que eles (os milicianos) estão com medo, porque eles não sabem quem são os moradores. Você percebe os olhares. Eles querem te conhecer, querem saber de onde você vem, para onde você vai, com quem você fala". 
* Colaborou Reginaldo Pimenta