Publicado 23/11/2022 10:08
Rio - A região do Grande Rio registrou 91 pessoas atingidas por bala perdida de janeiro a novembro deste ano. Destes baleados, 24 morreram. Os dados foram divulgados pelo Instituto Fogo Cruzado, nesta quarta-feira (23). Só na terça-feira (22) foram registrados pelo menos quatro casos, sendo um na capital e outros três no Grande Rio.
O pedreiro Marcelo Gangreiro, 51 anos, foi morto por uma bala perdida em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ele foi alvejado quando o ônibus passava na altura de Gramacho, onde havia um tiroteio durante uma ação policial. Marcelo estava a caminho do trabalho e tinha o costume de pegar o veículo da linha Parque São José x Caxias, da empresa Santo Antônio. A vítima não resistiu aos ferimentos e morreu no interior do carro. Ele carregava uma mochila com pertences do trabalho e uma marmita.
A manhã de tiroteios durante uma operação policial no Jardim Novo, em Realengo, Zona Oeste do Rio, também fez mais uma vítima de bala perdida. Uma mulher estava dentro da própria casa quando foi atingida. Ela foi socorrida e não há informações sobre seu estado de saúde.
A manhã de tiroteios durante uma operação policial no Jardim Novo, em Realengo, Zona Oeste do Rio, também fez mais uma vítima de bala perdida. Uma mulher estava dentro da própria casa quando foi atingida. Ela foi socorrida e não há informações sobre seu estado de saúde.
Já Douglas Teixeira, de 26 anos, foi atingido em Japeri, na Baixada Fluminense. Ele era funcionário de uma loja e estava descarregando mercadorias de um caminhão quando foi atingido no peito por um disparo e morreu ainda no local. Douglas é a 3ª vítima de bala perdida só nesta terça-feira (22) no Grande Rio.
No Centro do Rio, dois homens foram baleados em frente à Igreja Nossa Senhora do Parto, na Rua Rodrigo Silva. As duas vítimas foram encaminhadas ao Hospital Municipal Souza Aguiar. De acordo com relatos de testemunhas, o tiroteio aconteceu por causa de uma tentativa de assalto, em uma "saidinha de banco".
Em 2021, entre 1ª de janeiro e 22 de novembro, o Instituto Fogo Cruzado mapeou 103 pessoas vítimas de balas perdidas na Região Metropolitana do Rio. 22 delas morreram.
De acordo com o professor José Ricardo Bandeira, comentarista de Segurança Pública e presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, o grande e crescente número de vítimas atingidas por balas perdidas no Rio de Janeiro se deve principalmente à falta de uma política e planejamento da segurança pública o que leva a expansão das organizações criminosas (tráfico e milícias) que são combatidas pelo estado apenas com o enfrentamento policial o que, na sua perspectiva leva a mais confrontos e logicamente mais vítimas.
Além disso, o especialista alerta que o número de casos também deve-se a política armamentista praticada pelo governo federal que permite um grande número de armas em circulação, que estão cada vez mais acessíveis e desviadas para a criminalidade.
"Hoje à segurança pública precisa urgentemente de menos ações policiais e mais investimento em inteligência e investigação, impedindo que drogas, armas e munições cheguem às comunidades dominadas pelo crime organizado, somente assim poderemos ter níveis de violência e criminalidade aceitáveis como em qualquer país desenvolvido. Por fim, enquanto os nossos governantes continuarem a gerir segurança pública através do confronto armado continuaremos presenciando esse circo dos horrores sem qualquer resultado positivo, pois a capacidade da polícia matar será sempre inferior a capacidade que o crime organizado tem de repor as suas baixas", finalizou.
"Hoje à segurança pública precisa urgentemente de menos ações policiais e mais investimento em inteligência e investigação, impedindo que drogas, armas e munições cheguem às comunidades dominadas pelo crime organizado, somente assim poderemos ter níveis de violência e criminalidade aceitáveis como em qualquer país desenvolvido. Por fim, enquanto os nossos governantes continuarem a gerir segurança pública através do confronto armado continuaremos presenciando esse circo dos horrores sem qualquer resultado positivo, pois a capacidade da polícia matar será sempre inferior a capacidade que o crime organizado tem de repor as suas baixas", finalizou.
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