Condomínio Nova Barra, na Avenida das Américas, onde os corpos foram encontradosPedro Ivo/Agência O Dia
Publicado 17/02/2023 08:23
Rio - Um homem, identificado como Alexander da Silva, de 49 anos, foi preso, na manhã desta sexta-feira (17), suspeito de matar sua mulher e seus dois filhos em um condomínio no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. As três vítimas  foram encontradas mortas durante a madrugada. Andréa Cabral Pinheiro, de 37 anos, era mãe do bebê de 11 meses e madrasta da menina de 12 anos.
O homem teria ido até o local do crime e acabou sendo detido e agredido por moradores, que acionaram a polícia. Após a prisão, ele foi encaminhado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, onde passou por atendimento e foi liberado. Posteriormente, foi levado para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que investiga o caso.

Andréa, seu filho, Matheus Alexander Cabral Pinheiro da Silva, 11 meses; e sua enteada, Maria Eduarda Fernandes Affonso da Silva, 12, foram encontrados mortos dentro do apartamento. A mulher foi morta com um tiro na cabeça, já Maria Eduarda foi atingida por três disparos, também na cabeça. O bebê teria sido asfixiado no berço onde dormia.
De acordo com o delegado Wilson Palermo, responsável pelas investigações, Alexander usou uma substância para dopar as vítimas antes de matá-las. Além disso, não demonstra estar arrependido do crime que cometeu.
"A perícia identificou que houve a utilização de melatonina, que é uma substância que tem como finalidade provocar sono. Isso foi fundamental para que ele conseguisse cometer o crime. Ele dopou as três vítimas, as deixou dormindo, matou e depois saiu do local, retornando agora pela manhã. O Alexander não demonstrou nenhum arrependimento até agora. Está frio, calmo", expôs.

O crime aconteceu no Condomínio Nova Barra, localizado na Avenida das Américas. O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta de 00h53 e confirmou as mortes. Os corpos das vítimas foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) do Centro do Rio.
Alexander trabalhava como motorista de aplicativo e tinha anotações criminais anteriores. Ele vai ser levado ao IML nesta sexta, após prestar depoimento, onde vai passar por um exame de corpo de delito. O suspeito vai responder por homicídio, feminicídio e também vai ser incluído na nova lei que trata da violência doméstica contra crianças e adolescentes.
Familiares tentaram contato
Ainda segundo o delegado, desde a noite anterior ao crime, familiares das vítimas já não tinham mais contato com Andréa. "Isso acendeu um alerta, então foram até o local e verificaram as pessoas, supostamente, estariam dormindo, em posição de dormir, porém elas já estavam mortas efetivamente".
Na noite de quinta (16), agentes do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) foram acionados pelo irmão da vítima, que relatou não ter conseguido fazer contato com Andréa. Ao chegarem no local, policiais já encontraram as vítimas sem vida.
Segundo a Polícia Civil, uma perícia foi realizada no local do crime. Testemunhas já estão sendo ouvidas e as imagens de câmeras de segurança do condomínio foram recolhidas para serem analisadas.
De acordo com a Polícia Militar, o suspeito foi localizado e preso por policiais militares do 31º BPM a partir de denúncias recebidas indicando o paradeiro dele no condomínio.
Casos de feminicídio crescem no Rio
O índice de feminicídio bateu recorde em 2022 e teve o maior número de casos da série histórica do Instituto de Segurança Pública (ISP) desde 2016 no estado do Rio - quando começaram a ser computados estes indicadores. Ao total, foram registrados 110 ocorrências do crime durante todo o ano.

Se comparado aos anos anteriores, o expressivo número assusta. Em 2021, 85 casos foram registrados, já em 2020, ocorreram 78 assassinatos contra mulheres por motivação de gênero em todo o Rio de Janeiro.

O mês de dezembro foi o mais letal para as mulheres entre todos os meses do ano no estado, com 13 casos registrados. Em 2021, somente 4 ocorrências de feminicídio aconteceram no mesmo período.
Além de Andréa, diversas outras mulheres se tornaram vítimas do feminicídio neste ano. Como é o caso de Pâmela Gonçalves de Lima, 30 anos, que foi esfaqueada pelo companheiro e teve o corpo enterrado no quintal de casa em Guaratiba, na Zona Oeste, no dia 9 de fevereiro.

O autor foi preso em flagrante e vai responder pelos crimes de feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual. A vítima era mãe de uma menina de 8 anos, que presenciou a briga do casal antes da morte.

No dia 30 de janeiro, o corpo da adolescente Maria Eduarda de Oliveira Ramos, de 16 anos, foi encontrado na Estrada dos Cajueiros, em Maricá, na Região Metropolitana, já em estado de decomposição.

A menina estava desaparecida desde o dia 22 de janeiro e foi encontrada por funcionários da prefeitura da cidade. Agora, a polícia busca informações sobre o paradeiro de Gustavo Diniz Frazão, de 22 anos, apontado como autor do crime e ex-namorado da vítima.

Também em janeiro, Reycharleson Nicolau Silva, de 32 anos, foi preso por matar a tiros a ex-namorada Yasmin Sousa da Silva, de 21 anos, na noite do dia 27, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo as investigações, o suspeito ainda atirou na própria perna para tentar encobertar o crime. Familiares afirmam que ele não aceitava o fim do relacionamento com a vítima.
O governo do estado do Rio de Janeiro, por meio de nota, informou que "lamenta profundamente as mortes de Andrea Cabral, de sua enteada, Maria Eduarda Fernandes Afonso da Silva e de seu filho, Matheus Alexander Cabral Pinheiro da Silva."

A Secretaria de Estado da Mulher ainda mobilizou suas equipes para oferecer aos familiares os primeiros atendimentos no Núcleo de Atendimento aos Familiares das Vítimas do Feminicídio, que oferece aos familiares das vítimas atividades psicossociais e psicopedagógicas e acompanhamento jurídico. O atendimento é feito por psicólogos e assistentes sociais e poderá ser presencial ou virtual.
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