Mãe e irmã de homem baleado na cabeça na comunidade do Tirol estiveram no Instituto Médico Legal na manhã desta terça-feira (7)Reginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - Visivelmente consternada, a família de Uesclei da Silva Estácio, de 29 anos, morto por um tiro na cabeça quando voltava para casa, na Comunidade do Tirol, na Freguesia, Zona Oeste do Rio, no início da madrugada de domingo (5), estiveram no Instituto Médico Legal, no Centro, para reconhecer o corpo e dar início aos trâmites do sepultamento, na manhã desta terça-feira (7). Ambas fizeram questão de reafirmar a idoneidade da vítima. A mãe da vítima acusou a PM de não ter socorrido o filho baleado, tendo sido preciso que eles o levassem correndo ao hospital.
Sueli Batista da Silva, diarista de 47 anos, mãe de Uesclei, também contou que a polícia não forneceu ajuda a vítima. A família, por meios próprios, teve que levá-lo até uma unidade de saúde. "Talvez, se uma ambulância tivesse socorrido meu filho, dado a ele os primeiros socorros adequados, eu não estaria na porta do IML agora. Eu moro no Tirol desde que nasci e nunca vi uma guerra assim. O que mais me entristece é que eu não sou a primeira mãe e não serei a última a chorar a morte de um filho pela violência", desabafou.
"Meu irmão trabalhava há quatro anos de carteira assinada. Sonhava em ser pai, em constituir família. Nós somos moradores de comunidade. Lá dentro, a polícia acha que gente da nossa cor é criminosa. Eles usam a farda para acusar e sentenciar", afirmou a trabalhadora doméstica Amanda Silva, de 24 anos.
Ela também faz questão de refutar que, na hora do tiroteio, estivesse acontecendo uma espécie de baile funk na localidade. "Não tinha baile algum. Meu irmão estava saindo da casa da minha irmã após assistir a um filme. No meio do trajeto de 15 minutos até a casa dele, tudo isso aconteceu", completou.
A PM informou que equipes do 18º BPM (Jacarepaguá) foram atacadas por criminosos escondidos em uma área de mata. Após a troca de tiros, os policiais receberam a informação de que um homem tinha dado entrada no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca.
Ainda no domingo, Uesclei foi transferido ao Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, Zona Sul, onde veio a falecer. O caso está sendo investigado pela 41ª DP (Tanque).
Questionada, a PM não respondeu a respeito da acusação da família de não prestar o devido socorro à vítima.
O velório está marcado para a capela 4 no Cemitério de Inhaúma. O sepultamento será às 16h15.