Parente de Ruan Gonçalves Freitas abraça o caixão do jovem. Ruan morreu após ser baleado na comunidade do Caicó, no último domingo (5)Pedro Ivo / Agência O Dia
O enterro contou com aproximadamente 40 pessoas, que acompanharam o caixão até o túmulo. Alguns dos presentes vestiam uma camisa que estampava uma foto de Ruan.
A família esteve no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, nesta manhã, para liberar o corpo.
O pai do jovem, Hildo Gomes, ressaltou que o filho não tinha envolvimento com o crime organizado. O homem contou que estava trabalhando no momento em que Ruan foi baleado, mas que testemunhas disseram que policiais militares fardados subiram a comunidade em um veículo descaracterizado e, de dentro dele, atiraram contra o jovem. Ruan chegou a ser socorrido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Taquara, mas não resistiu aos ferimentos.
Os relatos apontam ainda que não havia confronto no momento em que a vítima foi baleada, diferente da versão apresentada pela PM. Segundo a corporação, uma equipe do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) atuava na região, quando se deparou com suspeitos, que resistiram à abordagem. Houve confronto e eles conseguiram fugir. Na ocasião, uma pistola, munições e uma granada foram apreendidas após uma varredura.
"Meu filho, quando tinha 17 anos, só tinha uma anotação por posse de maconha e só. Sempre foi um garoto bom, trabalhador, teimoso como todo jovem. Foi assassinato, não tinha troca de tiros em momento algum. Subiram em um carro descaracterizado, falaram para mim que eles estavam fardados dentro do carro e só executaram, nem do carro desceram. Eu não estou atrás de dinheiro, só quero responsabilidade e punição", declarou o pai de Ruan.
Ainda segundo a PM, após o confronto, dois homens feridos deram entrada na UPA da Taquara e no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, e as ocorrências foram encaminhadas para a 32ª DP (Taquara), 41ª DP (Tanque) e para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que investiga a morte de Ruan. A corporação informou ainda que "colabora integralmente com as investigações da Polícia Civil e, paralelamente, instaurou um procedimento para apurar as circunstâncias do fato".
No domingo, moradores do Complexo da Covanca realizaram um protesto na Avenida Geremário Dantas pela morte do jovem. Na tarde de segunda-feira (6), a via voltou a ser fechada pelos manifestantes, desta vez na altura da Estrada da Covanca, por volta de 30 minutos. A PM, a Guarda Municipal e a Comlurb precisaram ser acionadas para o local.
"Ele era um menino bom, levado, criança. Tanto que eu sempre 'sacaneava' que ele com 18 anos brincava com as crianças de 10, 12, soltando pipa, jogando bola. Sempre foi uma criança um pouco maior que as outras. Sempre foi um garoto trabalhador, sempre gostou de trabalhar. Com 12, 13 anos, ele sempre inventava alguma coisa qualquer para arrumar os trocadinhos dele, sempre gostou", disse Hildo.
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