Rio - Um vídeo publicado nesta terça-feira (21) no Twitter viralizou ao mostrar um jovem interrompendo uma pregação evangélica, realizada dentro de um trem da SuperVia que seguia em direção a Baixada Fluminense, ao cantar uma música da Umbanda, religião afro-brasileira, alvo de frequente intolerância religiosa. Todos os cânticos religiosos em trem são proibidos pela Justiça.
A gravação mostra o menino pedindo autorização para cantar para um passageiro enquanto outro homem transmitia o evangelho em voz alta a todos no vagão. Enquanto o umbandista cantava, o evangélico, apontando para o homem, disse: "o espírito imundo está na mente deste moço". É possível ouvir outra pessoa dizendo que Jesus Cristo ia salvá-lo.
O menino cantou a música "Ponto de Exu - Diabo Velho Eu Vou Cortar Seu Chifre" como forma de atingir o homem que o perturbava, segundo seu relato na rede social. O jovem escreveu que o evangélico disse que ele estava com o demônio no corpo porque disse que a pregação estava o incomodando. De acordo com o menino, o pastor ficou gritando dentro do vagão por quatro estações e ele falou que ninguém era obrigado a ouvir.
A iniciativa do garoto recebeu elogios de diversos internautas, que o apoiaram. Em complemento, um usuário também chamou a atenção para o perigo da ação considerando a intolerância em relação a religião afro-brasileira.
"Cara, isso aí é arriscado da tua parte. Eu entendo teu ponto, mas você pode entrar numa confusão grande. Tanto do ponto de vista energético (egrégora desse povo é chatona), quanfo fisicamente, ser agredido ou pior", escreveu o usuário.
"Eu concordo contigo bro, apesar do vídeo parecer engraçado eu estava me tremendo de ódio desses caras falando coisas ruins para mim, até no meu terreiro fui aconselhado a não fazer mais isso, vou levar esse ensinamento pra mim", respondeu o autor do vídeo.
Cultos religiosos são proibidos em trens
Questionada sobre o assunto, a SuperVia informou que a realização de cultos religiosos, de qualquer religião, é proibida dentro dos trens por determinação do Tribunal de Justiça, em uma ação movida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
Em 2009, a 7ª Vara Empresarial da Capital determinou a proibição. A concessionária tem que colocar avisos em suas bilheterias e trens, em local visível, comunicando a proibição de cultos religiosos, em qualquer forma de manifestação, em seus vagões, sob risco de multa.
A empresa ressaltou que se os clientes não respeitarem os avisos, os agentes de segurança são autorizados a fazer uma advertência. De acordo com a concessionária, a Polícia Militar pode ser acionada se a ação dos agentes não surtir efeito.
"A SuperVia reitera que não faz nenhuma discriminação de caráter religioso e que a proibição das manifestações é uma forma de garantir uma viagem mais segura e confortável para seus clientes", disse em nota.
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