Vantuil Pereira e Kátia Gualter se inscreveram para competir aos cargos de reitores e vice-reitora da UFRJ na última terça-feira (21)Moisés Pimentel / (SGCOM/UFRJ)

Rio - A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) recebeu, pela primeira vez em 103 anos de história, a candidatura de professores negros para a assumir a sua reitoria. Vantuil Pereira se inscreveu, na última terça-feira (21), como candidato a reitor para o mandato que vai de julho de 2023 a julho de 2027. Ele lidera a chapa 'Redesenhando a UFRJ: Democracia, Autonomia e Diversidade', sob o número 20, que tem a docente Katya Gualter como candidata à vice-reitora.
A inscrição foi a segunda recebida pela Comissão Coordenadora da Pesquisa (CCP) no Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais (NCE/UFRJ), onde a CCP está instalada. Em seu programa de gestão, a chapa deseja o fortalecimento das discussões e das decisões colegiadas com o aumento da participação de todo o corpo social da universidade.
"A chapa Redesenhando a UFRJ: democracia, autonomia e diversidade surge da necessidade candente do diálogo, da democracia inclusiva e participativa, da capacidade generosa e fraterna de ouvir o outro, de conhecer nossas diferenças e de saber que a forma de tratá-las não faz do interlocutor o 'inimigo' a ser derrotado. Da importância de observar e compreender a diversidade e a complexidade de uma instituição com a história e as dimensões da UFRJ. Do desejo de estruturar as relações entre as diferentes categorias de nossa comunidade, sem falsas hierarquias e subordinações e na perspectiva democrática, igualitária e justa", informa o documento.
Vantuil é professor associado do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos Suely Souza de Almeida (Nepp-DH). Atualmente, é decano do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). Com pós-doutorado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), é doutor e graduado em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi diretor do Nepp-DH entre 2012 e 2021, onde desenvolveu pesquisas sobre questões raciais no Brasil e políticas públicas. Também foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas em Direitos Humanos, da UFRJ.
Já Katya é professora associada da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD), unidade da qual é diretora desde 2016. É doutora em Artes da Cena pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Na UFRJ, fez graduação em Educação Física, especialização em Técnica de Dança e Coreografia e mestrado em Educação em Ciências e Saúde. Integrou a equipe que propôs os cursos de licenciatura em Dança e bacharelado em Teoria da Dança. Fundadora e coordenadora do Grupo Pesquisa em Cinema e Dança (Pecdan) e do Grupo de Pesquisa Ancestralidades em Rede (Grupar).
Outra chapa
O professor Roberto Medronho se inscreveu, também na terça-feira (21), para competir ao cargo de reitor contra Vantuil. O docente lidera a chapa 'UFRJ para Todos: Autonomia, Inclusão e Inovação', sob o número 10, que tem a professora Cássia Turci como candidata à vice-reitora.
'Nossa chapa compreende que a ação da universidade deve atingir diversos setores da sociedade, notadamente os mais vulnerabilizados e excluídos, por classe, renda, gênero, raça, etnia e deficiências. Temos enfrentado, com maior dificuldade nos últimos anos, os desafios de incluir, respeitar e manter dentro da universidade aqueles e aquelas que as disparidades sociais e culturais insistem em excluir e repelir. Nosso plano de ação dá prioridade à inclusão da diversidade, a UFRJ deve ser para todos, todas e todes, diz o programa de gestão da chapa.
Roberto é professor titular da Faculdade de Medicina (FM). Hoje é coordenador do Laboratório de Epidemiologia das Doenças Transmissíveis. É também doutor e mestre em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Graduado em Medicina pela UFRJ, o pesquisador fez residência médica em Medicina Preventiva e Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e em Pediatria pelo Hospital Federal da Lagoa. Foi diretor da FM de 2011 a 2020 e coordenou o Grupo de Trabalho Multidisciplinar para Enfrentamento à Pandemia de Covid-19 da UFRJ (GT-Coronavírus).
Cássia, que compõe a chapa com Medronho, é professora titular do Instituto de Química. Atualmente, é decana do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN). É doutora em Físico-Química pela UFRJ, com período sanduíche pela Universidade McMaster (Canadá), onde também fez seu pós-doutorado. Mestre em Química pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), tem três especializações, entre elas uma na área de radiação pelo Centro Internacional de Física Teórica (Itália). A pesquisadora é graduada em Engenharia Química pela Escola de Engenharia Mauá. Foi diretora do Instituto de Química de 2004 a 2012 e de 2013 a 2017.
Como funciona a eleição
O processo de escolha de um novo reitor acontece em quatro etapas principais. O primeiro passo para a sucessão da Reitoria da UFRJ é a pesquisa. Nela, chapas compostas por dois nomes, um para reitor e outro para vice-reitor, elaboram programa de trabalho e concorrem ao voto da comunidade universitária.
Entre os votantes aptos estão estudantes com matrícula ativa da educação básica do Colégio de Aplicação (desde que tenham 16 anos ou mais), de graduação presencial ou a distância, de mestrado, doutorado ou, ainda, de pós-graduação lato sensu com carga horária mínima de 360 horas; docentes e técnicos administrativos ativos do quadro permanente da UFRJ; professores eméritos; e pesquisadores vinculados ao Programa Institucional de Pós-Doutorado (PIPD).
A segunda etapa é a elaboração da lista tríplice para reitor e vice-reitor que serão enviadas ao Ministério de Educação (MEC). Assim, é aberto outro período de inscrições para interessados em se candidatar a esses cargos, mas desta vez sob organização da Secretaria dos Órgãos Colegiados. Tradicionalmente, para enfatizar a importância da escuta universitária, as chapas derrotadas na pesquisa abrem mão de prosseguir com candidatura.

Depois de ouvir a comunidade universitária por meio da pesquisa, o Colégio Eleitoral é formado para a composição de uma lista tríplice para reitor e outra para vice-reitor, ainda que seja o primeiro o responsável por nomear o segundo.
Em posse das listas tríplices para reitor e vice-reitor, a terceira parte compete ao MEC que faz a validação dos documentos recebidos e a Presidência da República analisa os nomes e nomeia o reitor. A nomeação do vice é feita posteriormente, pelo reitor escolhido, em ato da UFRJ. Por último, o reitor escolhido toma posse.