Familiares choram a perda sobre o caixão de Tancredo (detalhe)reginaldo pimenta

Rio – O passista Tancredo Augusto de Oliveira Silva, de 38 anos, que foi arrastado pela correnteza do Rio Joana, no Maracanã, Zona Norte, durante o temporal da última quinta-feira (30), foi enterrado nesta tarde de segunda (3), no Cemitério São Francisco de Paula, no Catumbi, na Região Central.
O corpo do passista da Estação Primeira de Mangueira foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros, neste domingo (2), após quatro dias de buscas. Ele estava no canal do mesmo rio, já na altura de São Cristóvão, também Zona Norte.
No velório, o seu caixão ficou rodeado por familiares e amigos que foram se despedir. Um dos colegas levou um surdo enfeitado com as cores da Mangueira e marcou o tempo de "Exaltação à Mangueira", enquanto os presentes batiam palmas e cantavam "Todo mundo te conhece ao longe / Pelo som dos seus tamborins / E o rufar do seu tambor / Chegou ô, ô, ô, ô / A Mangueira chegou, ô, ô", em homenagem à paixão de Tancredo pela escola de samba.
Vânia da Silva Barreto, de 42 anos, irmã da vítima, contou um pouco sobre o amor do passista pela festa do Rei Momo: "O Carnaval era a vida dele. Ele nunca deixou de sair na Mangueira, todo ano ele desfilava na Mangueira, todo ano", lembrou saudosa.
Vânia disse ainda que Tancredo era muito querido: "O Tancredo era muito amado por todo mundo, ele tinha brilho, muito brilho. Todo mundo gostava do meu irmão. Ele era um garoto maravilhoso, não merecia isso. Mas Deus sabe o que faz", afirmou.
A outra irmã da vítima, Michele da Silva Barreto, disse que Tancredo lutou pela vida até o fim: "Ele era tudo de bom, um cara maravilhoso. Só levarei lembranças de sucesso, carinho que ele tinha pela gente, pela minha mãe, por todo mundo. A minha saudade será muita. Só queria ele aqui perto de mim. Amo muito ele, ele deixará muita saudade. Ele era um guerreiro, lutou até o fim. Foi muito forte, forte de verdade, até na hora do sofrimento. Lutou, lutou e não conseguiu. Deus o resgatou", contou com a voz embargada.
Segundo a Defesa Civil, os trabalhos para encontrar o homem começaram na noite de quinta-feira, dia do acidente. Houve buscas pelas galerias pluviais, com o apoio de mergulhadores do Grupamento de Busca e Salvamento (GBS). Além de barcos, motos-aquáticas e drones, guarda-vidas fizeram uma varredura da saída do Rio Joana para a Baía de Guanabara.
Na quinta, segundo a Polícia Militar, uma equipe do Programa Bairro Presente do 6º BPM (Tijuca) estava em uma cabine próxima à Universidade do Estado do Rio (Uerj) quando foi informada de que dois homens teriam caído no Rio Joana. Os militares acionaram o Corpo de Bombeiros que, com auxílio de uma corda, conseguiram resgatar uma das vítimas. Entretanto, Tancredo não conseguiu ser socorrido a tempo e foi arrastado pela correnteza.


Neste domingo (2), após quatro dias de buscas, o Corpo de Bombeiros comunicou em nota que o homem foi encontrado na altura do número 1.221 da Rua São Cristóvão. Amigos da vítima foram até o local e reconheceram o corpo.

A Polícia Militar foi acionada para o local e Tancredo foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) para exames de DNA e confirmação oficial da identificação.
Nas redes sociais, a Mangueira postou uma nota de pesar pelo falecimento do passista.

"Com um sentimento de profunda tristeza, lamentamos o falecimento de nosso passista Tancredo Augusto. Sempre alegre e muito querido, Tancredo fez sua história na Estação Primeira de Mangueira, onde, desde criança construiu seu caminho no carnaval e na vida. Sua partida precoce deixará muita saudade. Em nome da presidenta Guanayra Firmino e sua diretoria, nossos sentimentos aos amigos e familiares."
A rainha de bateria da escola de samba, Evelyn Bastos, lamentou a morte do companheiro de agremiação: "Deus o receba com muito amor…", disse.

Uma outra integrante da escola também usou as redes sociais para se despedir do passista.

"Leve sua alegria contagiante aos céus. Brilhe lá de cima e exalta a nossa bandeira lá de cima como você fez aqui embaixo. Admirador incondicional e apaixonado pela nossa estação primeira de mangueira. Descanse em paz, meu preto".