A população em situação de rua corre riscos de contágioMARCOS VIDAL/ESTADÃO CONTEÚDO

Rio - Um censo realizado pela Prefeitura do Rio mostrou um aumento de 8,2% no número de pessoas morando nas ruas do Rio de Janeiro, em comparação com o ano de 2020. O levantamento identificou 7.865 pessoas sem teto, sendo a região central do município com o maior número de desabrigados. A pesquisa foi realizada entre os dias 21 e 25 de novembro e adotou como critério pessoas que dormiram ao menos uma noite em situação de rua na semana, excluindo casos fortuitos.
De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), o perfil majoritário dessa população é masculina (82%), preta ou parda (84%), com ensino fundamental incompleto (64%), e idade média de 31 anos. De acordo com os dados, 6.253 dormiram na rua e 1.612 estavam em instituições de acolhimento, como abrigos e comunidades terapêuticas. Pessoas que frequentam as ruas para obter renda, mas não pernoitam, foram eliminadas do levantamento.
"O Censo da população de rua é o motor para que a Secretaria Municipal de Assistência Social possa aprimorar políticas públicas e trabalhar diretamente na redução de pessoas em vulnerabilidades. É importante pensar também que esta situação é fruto de um desequilíbrio social", explicou o Secretário de Assistência Social, Adilson Pires, durante cerimônia de lançamento dos resultados, no auditório do Centro Administrativo São Sebastião.
Outro indicador preocupante da pesquisa é o número de dependentes químicos nas ruas: 1.227. Em comparação a 2020, o problema era mais identificado na Zona Sul e na região de Jacarepaguá. Atualmente, quase 70% dos usuários ficam na Zona Norte, no entorno de comunidades como Manguinhos, Jacarezinho e Maré. A grande maioria (83%) declarou ter usado droga no período pesquisado, sendo as mais comuns o tabaco (28%) e álcool (24%), seguido de maconha (17%), cocaína (15%) e crack (12%).
A principal fonte de renda apontada pelos entrevistados foi a proveniente da venda dos lixos reciclavéis (57,7%), seguida do comércio informal como camelô ou ambulante (20,7%), e flanelinha (3%). Quando o assunto é alimentação, 40% ficam um dia inteiro sem comer, enquanto 47% se alimentam por doações, e 1,2% coletam lixo para se alimentar.
As razões declaradas para estarem em situação de rua foi a existência de conflitos familiares (43%), seguido de alcoolismo ou uso de outras drogas (22%) e perda de renda (13%). O emprego (41,2%), no entanto, foi apontado como a maior necessidade para deixar as ruas, seguido de moradia (17,5%).