Raquel Franco mostra imagens do radar do Sumaré, que cobre a cidade do RioPedro Ivo/ Agência O Dia
"Mas isso foi num intervalo de 24 horas. Se fosse em um intervalo de uma hora, seria catastrófico", explica Raquel: "Em um intervalo de uma hora, a gente considera que 25 milímetros já é uma chuva forte".
Ou seja, 25 litros de água em um quadrado de um metro, num intervalo de uma hora.
"Mas aí entram uma série de outras variáveis para estimarmos o impacto na cidade. Se chover 25 mm em uma hora no Parque da Pedra Branca, que é pouco habitado e com um tipo de solo que absorve essa água, é uma coisa. Se for na Grajaú-Jacarepaguá, no horário de rush, teremos um grande transtorno", diz Raquel.
Nesta última situação hipotética, a meteorologista já teria deixado a sala do Alerta Rio e estaria ao lado do coordenador da Sala de Situação. Os dois espaços ficam no COR. Ao lado do coordenador, que geralmente é um profissional com experiência em centros operacionais de aeroportos, ela forneceria em tempo real os dados não só dos pluviômetros, que fazem a medição das chuvas em milímetros, mas também dos radares meteorológicos e satélites.
Ao coordenador caberia analisar outros fatores, como impactos na mobilidade, quedas de árvores, bolsões d'água e alagamentos, para definir os cinco estágios operacionais da cidade: normalidade, mobilização, atenção, alerta e crise, com as respectivas orientações para o cidadão, que são repassadas pelo site e pelas redes sociais do COR.
Mas e antes de a água cair?
A medição dos pluviômetros - são 33 espalhados na cidade, com envio de informação a cada 15 minutos - se dá quando a chuva atinge a superfície do solo. É o dado concreto de um trabalho de monitoramento diário e constante das equipes do Alerta Rio.
A previsão do tempo para um intervalo de quatro dias se dá principalmente pela análise, feita pelo meteorologista, de modelos matemáticos, com equações e aproximações físicas feitas em super computadores. Depois disso, em situações mais próximas aos eventos chuvosos, o Alerta Rio passa a fazer uso de outras ferramentas, como os satélites.
"Se a nuvem estiver muito fria, com gelo, é sinal de tempestade", diz Raquel.
A temperatura é visualizada no mapa por meio de cores. Quanto mais fria está a nuvem, a cor vermelha se intensifica. A gradação rosa significa a temperatura mais baixa. Na última segunda-feira, a cor aparecia sobre a região amazônica: um registro em torno de -80ºC.
"Esta é uma nuvem de tempestade, que está acontecendo por lá", explica Raquel.
Em outras áreas do mapa, a cor vermelha estava na região de Mato Grosso do Sul e São Paulo. A partir de equações numéricas e conhecimento sobre o comportamento da atmosfera, o meteorologista Bruno Dumas preparava o boletim das 16h.
"Provavelmente teremos chuva no fim da tarde de amanhã (terça-feira)", diz.
Neste momento, da janela em frente à sua estação de trabalho, de onde, instantes atrás, avistava-se céu totalmente azul, já era possível visualizar algumas nuvens.
"É este cara aqui se aproximando", comenta Bruno, apontando para o mapa na tela de seu computador, que mostra cor vermelha sobre São Paulo.
Radares e balão atmosférico da Aeronáutica
Às imagens dos satélites somam-se outras duas ferramentas que permitem um acompanhamento imediato: o balão atmosférico lançado pela Aeronáutica no Aeroporto do Galeão duas vezes ao dia e os radares meteorológicos, que lançam ondas eletromagnéticas que incidem sobre as nuvens e retornam com a informação se foi detectada gota de chuva nelas. Os dados são visualizados em outras duas telas na sala do Alerta Rio.
"A partir da sondagem, a gente calcula índices de instabilidade, a energia disponível para ocorrência ou não de uma tempestade naquele determinado dia", explica Raquel.
Já com as nuvens formadas sobre o Rio de Janeiro, os profissionais voltam a atenção para os radares meteorológicos. O que cobre a capital está localizado no Sumaré. É ele que gera as imagens comumente divulgadas pelo Twitter do COR.
"Conseguimos ver em tempo real se a nuvem de chuva está ganhando força, para onde está se deslocando e com que velocidade. É a partir desses dados que informamos sobre a possibilidade e intensidade de ocorrência de chuva e em que locais da cidade, horas ou minutos antes de ela cair."
O monitoramento do radar do Sumaré tem raio de alcance de 140 km e traz atualizações a cada dois minutos. Já os situados em São Paulo, Petrópolis, Niterói, Macaé e Guaratiba, também analisados pelo Alerta Rio, gera informações a cada cinco minutos.
Nas imagens do radar do Sumaré, que são divulgadas para a população, as cores significam a quantidade de água dentro das nuvens. As cores laranja, vermelha e rosa indicam progressivamente as nuvens mais carregadas.
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