Viviane Maria de Souza foi vítima de lesão corporal pela ex-atleta de vôlei Sandra Mathias Correia de SáMarcos Porto / Agência O Dia

Rio – A entregadora de aplicativo de delivery Viviane Maria de Souza, que foi vítima de lesão corporal e injúria racial da ex-atleta e professora de vôlei Sandra Mathias Correia de Sá, em São Conrado, Zona Sul, ganhou uma vaquinha online para ajudá-la a comprar uma casa.

Segundo o site de contribuições, a moradora da Rocinha, também na Zona Sul, está sem trabalho e sem lugar para morar. Até o momento, ela tem R$ 8.701,88 vindos de doações e conta com 246 apoiadores. A meta é atingir R$ 150 mil.


Em uma gravação, Sandra aparece discutindo com a entregadora. Depois, ela morde a perna de Viviane enquanto ela se pendura em uma grade. A trabalhadora consegue escapar e é perseguida por Sandra. 
Em outro vídeo que circula nas redes sociais, Sandra aparece fazendo ofensas à entregadora. Em um determinado momento, antes da briga corporal, a ex-atleta dispara para a entregadora: "Eu fiz o que para você, rapaz?", que responde: "Rapaz, não. Eu sou mulher!". A moradora então rebate: "É mulher? Não está parecendo". 
A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias do caso, que foi registrado em vídeo por testemunhas. Nas imagens, é possível também ver Sandra puxando e agredindo Max Ângelo, entregador que trabalhava com Viviane. A ex-atleta dá um soco em Max e o agarra pela roupa. Em seguida, ele se esquiva e se afasta. A mulher, então, diz: "Tu (sic) não vai embora não, filha da p..."
A gravação continua e mostra Sandra tirando a guia de um cachorro. Ela pega o objeto e parte para cima do entregador, que fala: "Teu caô não é comigo não. Tu vai me agredir? Vai me agredir?". A moradora de São Conrado retruca: "Não é contigo, não?" e, logo na sequência, atinge o homem com a coleira.
"A gente estava sentado como de praxe, como a gente faz todo santo dia, esperando a entrega e ela passou, passeando com o cachorro. Quando chegou na nossa frente, ela olhou para mim com cara de nojo e cuspiu no chão e seguiu o caminho. Quando ela voltou, minutos depois, a menina perguntou para ela por que ela tinha tanta raiva da gente e aí começaram as alterações, as agressões verbais, seguidas de agressões físicas", relatou Max à época.
O crime aconteceu depois que Sandra teria se revoltado com a presença de entregadores sentados na porta de uma loja, na Estrada da Gávea, próximo ao número 847. Segundo Max, a mulher passeava com o cachorro e, ao se deparar com o grupo, cuspiu no chão, na frente da vítima, e seguiu andando com animal. Ao voltar, Viviane questionou o motivo da raiva da ex-jogadora de vôlei, que se alterou e passou a ofender e agredir os trabalhadores. Posteriormente, a entregadora aparece sendo mordida.

A Secretaria Municipal de Esportes (Smel) suspendeu a renovação do alvará de funcionamento da escolinha de vôlei de Sandra, na Praia do Leblon, Zona Sul. Ela ainda está sendo investigada por lesão corporal e injúria por preconceito.
Em depoimento, na 15ª DP (Gávea), Sandra disse que foi ofendida com palavras de cunho homofóbico durante a discussão. Na oitiva realizada na tarde desta segunda-feira (17), e obtida pelo DIA, a moradora disse que enquanto tentava denunciar uma atitude desrespeitosa do entregador Max Ângelo Alves dos Santos à central de entregas, ele a filmava e proferia palavras provocativas. No entanto, durante o depoimento, Sandra não descreveu quais teriam sido essas palavras. 
A professora de vôlei se referia como "atitude desrespeitosa" o fato de Max ter passado de bicicleta perto dela na calçada. Segundo a ex-atleta, ela teria dito a ele: "Poxa cara, tem necessidade de você passar do meu lado assim? Eu vou te denunciar". Em seguida, Max teria respondido: "Não f... Não enche o saco".
Ainda na briga, Sandra negou que tenha ameaçado o entregador com as palavras: "Vagabundo, marginal... vou mandar te prender", mas que se recorda que pode ter ofendido Max da seguinte forma: "Filho da p..., vai se f.... Eu vou te denunciar". Informou ainda que as ofensas foram recíprocas.