Após voltar à SMS, Soranz revela meta: 'Integração entre a rede federal, estadual e municipal'
Em entrevista ao DIA, secretário analisa mudança da orientação da OMS sobre a covid, fala sobre desafios da prefeitura e diz que momento é de recompor o SUS no Rio
Daniel Soranz retorna à Secretaria Municipal de Saúde do Rio com foco em articulação política - Divulgação/ Erbs Jr
Daniel Soranz retorna à Secretaria Municipal de Saúde do Rio com foco em articulação políticaDivulgação/ Erbs Jr
Rio - De volta à Secretaria Municipal de Saúde do Rio após se licenciar do cargo de deputado federal, Daniel Soranz quer focar na articulação política e integração das redes estadual, municipal e federal de saúde na cidade. Nesta sexta-feira (5), o secretário recebeu O DIA no Super Centro Carioca de Vacinação, em Botafogo, e apresentou as principais metas para a nova gestão.
No comando da Secretaria pela terceira vez, ele afirma que a capital precisa retomar a capacidade de atender pacientes de alta complexidade. "A gente teve um subfinanciamento muito intenso para nossas unidades federais. O momento é da gente tentar recuperar um pouco do que perdeu", analisa, referindo-se às gestões do ex-prefeito Marcelo Crivella e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
No dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim da emergência sanitária da covid-19, o secretário, que terá a vaga na Câmara ocupada pelo suplente Caio Vianna (PSD), ressalta que as taxas de vacinação bivalente contra a covid-19 estão baixas e apela para que os cariocas participem do Dia D de Vacinação neste sábado. A bivalente foi aplicada em apenas 15% da população do município até agora.
Qual será seu foco no retorno à Secretaria Municipal de Saúde?
Para mim, é muito importante essa volta para a Secretaria. Estou muito feliz. [Faço] um agradecimento imenso ao prefeito Eduardo Paes por confiar de novo em mim. Agora, na perspectiva de ter sido eleito deputado federal, a gente entra na Secretaria com muito mais apoio político. Com muito mais capacidade de captar recursos federais para a própria Secretaria e, principalmente, mais capacidade de articular com a rede federal e com a rede estadual.
A gente tem de fato um Sistema Único de Saúde. Se a gente quiser ter o sistema integral, preconizado na Constituição, que consiga cuidar das pessoas em todos os níveis de atenção no Rio de Janeiro, precisamos muito da rede de alta complexidade. Ela passa pelo [Governo do] Estado e pelo Governo Federal. Esse talvez seja um dos maiores desafios: conseguir retomar a capacidade que a rede federal e estadual tinham de ofertar vagas. Temos a meta de recompor as equipes da família e avançar a recomposição para 70% de cobertura da Saúde da Família. Vamos finalizar em julho deste ano as obras de reforma de todas as UPAs municipais. O Super Centro Carioca [em Benfica], com 22 mil metros quadrados, é a principal unidade da Secretaria, e a gente espera poder avançar nessa fila de média complexidade, que é de atribuição municipal.
O senhor, enquanto deputado federal, participou das vistorias aos hospitais federais no Rio. Pretende participar da articulação para reabertura desses leitos?
Foi uma demanda minha para a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. Uma comissão muito ativa da Câmara dos Deputados, que vai continuar fazendo fiscalizações em todas as unidades federais, inclusive previstas para presídios. Vou trabalhar junto com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde e o Conselho Estadual de Secretários de Saúde para que a gente possa montar um grande bloco de apoio ao retorno dessas unidades federais para reabrir os 1.045 leitos que estão fechados na rede. Não tem como a gente assistir uma pessoa precisando de um tratamento de câncer, enquanto, no estado do Rio, o tratamento de câncer só diminui. Por mais que a gente consiga avançar na atenção primária, nas clínicas de família, nas ações de prevenção, sempre vamos precisar da alta complexidade. Até porque a nossa população está envelhecendo e a expectativa de vida está aumentando.
O principal foco é conseguir fortalecer essa integração entre a rede federal, estadual e municipal. Quando a gente olha o Hospital Miguel Couto com dificuldade de acomodar os pacientes, pelo número muito alto que tem, e olha o Hospital da Lagoa com 92 pacientes fantasmas, com leitos vazios, isso é muito angustiante. Não faz nenhum sentido a gente deixar isso se perpetuar. As pessoas estão nas salas vermelhas e amarelas das UPAs, das unidades de emergência, sem conseguir vaga [no atendimento de alta complexidade]. Tem uma Medida Provisória que eu sou relator no Congresso Nacional, que permite que o Ministério da Saúde contrate 4.117 médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem até dezembro de 2024. O senador Fabiano Contarato foi relator no Senado e ela foi aprovada. É uma contratação muito importante que vai permitir à rede federal retomar leitos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, nesta sexta-feira (5), o fim da emergência sanitária da covid-19. Como espera lidar com a doença daqui para a frente?
Já era esperado que a OMS fizesse essa declaração por conta da alta cobertura vacinal no mundo. É uma doença que a gente consegue controlar com vacinação. Essa proteção é como a da gripe. Certamente, a gente vai ter a vacina da covid cada vez mais próxima à vacina da influenza, com uma aplicação anual. A não ser que a gente encontre uma vacina que dure para sempre, mas como isso ainda não aconteceu para a gripe, não temos essa perspectiva no curto prazo.
O Rio foi das capitais do país que alcançou a maior cobertura vacinal contra a covid-19. O carioca, de fato, deu exemplo. Tomou a primeira e a segunda dose, mas na dose de reforço isso não está acontecendo. A gente tem uma baixíssima cobertura para dose de reforço, inclusive a vacina bivalente. Para a Influenza, estamos com somente 28% da meta. Esperamos que os cariocas se mobilizem neste final de semana do Dia D. A gente vai aplicar todas as vacinas para avançar nas nossas coberturas. Sem dúvida nenhuma, a vacinação é um desafio nacional.
Como estão as ações da SMS com a dengue e a varíola dos macacos?
Depois que a gente sai de um cenário epidemiológico muito triste, a gente abre espaço para outras doenças que podem aparecer. O número de casos de dengue vem aumentando expressivamente. Conseguimos durante muito tempo mobilizar a nossa população para eliminar os focos de dengue e de mosquito. Mas, o tempo foi passando e as pessoas foram se esquecendo sobre isso.
No início deste ano, quando estava na Secretaria, a gente lançou o plano de verão de visitas às casas e orientação à população. O índice de infestação do Aedes aegypti é o menor da história, mas não é suficiente para segurar a proliferação do mosquito. É muito importante que todo mundo esteja consciente para eliminar os focos de água parada. De cada 10 pessoas que contraem dengue, sete têm o foco do mosquito no seu próprio domicílio. Sobre a varíola dos macacos, estamos em um prédio de 1905 (Super Centro Carioca de Vacinação, em Botafogo) construído para a vacinação da varíola.
Essa doença está erradicada e a varíola dos macacos é imunoprevenível da mesma forma que a varíola comum. A gente precisa acelerar essa vacinação, que é a grande oportunidade de eliminar essa doença e evitar que se propague para todas as classes sociais, para adultos e crianças. Tenho cobrado do Ministério da Saúde e dito isso desde que a varíola dos macacos começou a aparecer em larga escala. Precisamos ter a produção de vacina no Brasil, porque a gente pode ter uma epidemia a qualquer momento. Esse movimento pró-vacinação contra a varíola dos macacos, que já acontece em alguns países da Europa e nos Estados Unidos, também precisa acontecer aqui.
Quais seus planos políticos para as eleições municipais de 2024?
Meu plano político é apoiar o prefeito Eduardo Paes. É muito bom poder ver o trabalho de um prefeito que de fato ama o Rio. Espero que a gente consiga entregar muito mais serviços de Saúde para a população e consolidar nosso Sistema Único de Saúde, que é um desejo de todos. Do Ministério da Saúde, da Secretaria de Estado e da Secretaria Municipal.
Sábado é Dia D de vacinação
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio Janeiro (SMS-Rio) realiza neste sábado (6) o Dia D de Vacinação contra a Influenza. Mais de 500 postos de vacinação serão disponibilizados, das 8h às 17h. O município do Rio liberou nesta sexta-feira (5) a vacinação contra a gripe para todos os públicos. Com a liberação, pessoas a partir dos seis meses de idade já podem receber a vacina, incluindo crianças, jovens e adultos, independente de terem ou não comorbidades. O público prioritário também continua sendo imunizado.
Além das unidades de Atenção Primária (Clínicas da Família e Centros Municipais de Saúde), também serão implantados postos em locais como associações de moradores, igrejas, shoppings, escolas, praças, entre outros, como forma de facilitar o acesso à da população. Os locais de vacinação podem ser conferidos no site www.saude.prefeitura.rio/vacinacao/gripe/.
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