Aline da Silva disputava com o ex-marido a guarda do filho na JustiçaRede Social
Vítima de feminicídio em Bangu foi homenageada pela OAB por 'coragem' na luta pela guarda do filho
Processo judicial contra o ex-marido, Marcius dos Reis Resener de Oliveira, foi o que motivou a morte de Aline Oliveira
Rio - Aline Oliveira Silva, de 41 anos, morta a tiros pelo ex-marido em Bangu, na Zona Oeste do Rio, foi homenageada no último Dia Internacional da Mulher pela OAB, subseção de Bangu, por sua "coragem, resistência e fé" ao conseguir a guarda do filho na Justiça. Este mesmo processo teria motivado Marcius dos Reis Resener de Oliveira atirar contra a Aline na frente da escola do filho, na sexta-feira (5).
A OAB/Bangu e a Comissão OAB Mulher e de Enfrentamento à Violência de Gênero lamentaram o caso de feminicídio. "Esse crime não ficará impune. Essa mãe lutou como uma leoa para recuperar seu filho. Lutou na Justiça para recuperar a guarda, lutou nas delegacias, lutou na violência doméstica, lutou tanto, tanto, que chegaram até a debochar dela e da advogada na sala de audiência. Foram tantas lutas e hoje ela perdeu a vida na frente da escola do filho, na frente dele", desabafou a advogada Ana Paula Mengual.
Aline passou a ser ameaçada por Marcius assim que entrou na Justiça para conseguir a guarda do filho. Em setembro do ano passado, o DIA entrevistou Aline para divulgar o caso. Na ocasião, ela pedia ajuda para encontrar o filho de 8 anos, que desapareceu após ir para casa de parentes, em Realengo, também na Zona Oeste.
"Com certeza, o maior prejudicado nessa questão é a criança. Não queremos briga com ninguém, apenas que esse conflito seja administrado da melhor forma possível. É difícil olhar a foto de um filho, sem poder tocá-lo, abraçá-lo ou falar com ele. Não temos nenhuma notícia. Só quero o meu filho de volta!", disse Aline.
O reencontro com o filho aconteceu cinco meses depois da reportagem, no dia 18 de fevereiro. "A todos que nos ajudaram a procurar o (nome da criança), meu agradecimento. A angústia dessa mãe acabou, e ontem aconteceu o tão esperado reencontro", comemorou a advogada de Aline, Michele Monsores.
Com medo das ameaças após conseguir a guarda, a vítima tentou medidas protetivas na Justiça, mas diversas solicitações foram negadas. A última, feita pelos advogados de defesa, foi em 23 de março deste ano e não foi atendida pelo 2º Juizado de Violência Doméstica de Bangu. Marcius também teve dois pedidos de prisão negados pela Justiça. Ele foi descrito como uma pessoa extremamente possessiva e ciumenta e tinha 'muito ciúme da família de Aline, de amigos e irmãos da igreja'.
Em 2019, Aline registrou boletins de ocorrência contra o ex-marido por estupro e cárcere privado. Na ocasião, ele a manteve presa por oito dias e a estuprou. Assim que conseguiu fugir, a vítima fez um boletim de ocorrência.
Homem está preso
Marcius foi preso horas depois de praticar o crime pela Polícia Militar. Segundo o 14° BPM (Bangu), agentes localizaram o homem, que estava tentando fugir para a favela do Rebu, em Senador Camará. A criança também foi resgatada. Marcius vai passar por audiência de custódia ainda neste sábado (6). A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o crime.
Ainda não há informações sobre o enterro de Aline.
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